Revista da EMERJ (Edição Especial) nº 63 - page 94

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 63 (Edição Especial), p. 83 - 95, out. - dez. 2013
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pode ser tão rentável como a dos países atrasados, que se notabilizam por
oferecerem salários menores e, por isso mesmo, mantêm empresas de
uso intensivo de mão de obra. Algumas das empresas que usam trabalho
prisional são: a IBM, a Motorola; mas, não são só as indústrias
hi-tech
que
colhem os lucros oferecidos pelas prisões: lojas de departamento vendem
jeans comercializados com a marca
Prison Blues
, assim como camisetas e
jaquetas.
Em trabalho intitulado “O impacto orçamentário do fim da proibi-
ção às drogas”, Jeffrey Miron, professor de economia da Universidade de
Harvard e pesquisador sênior do Instituto Cato, um dos mais importantes
economistas liberais americanos, e Katherine Waldock, doutoranda na
Stern School of Business
da New York University, ressaltam os enormes
déficits fiscais enfrentados pelos governos federal, estadual e federal dos
Estados Unidos e apontam que uma mudança política na questão das dro-
gas seria muito bem-vinda – e esse é um pensamento liberal, geralmente
confundido com um pensamento da direita conservadora. O trabalho es-
tima que a legalização das drogas pouparia cerca de 41,3 bilhões anuais
em despesas governamentais, eliminando os gastos com a guerra contra
as drogas. Desse montante, 25,7 bilhões seriam poupados pelos governos
estaduais e quase 16 bilhões pelo governo federal. Aproximadamente 8,7
bilhões resultariam da legalização da maconha; 20 bilhões da cocaína e
12,6 bilhões das demais drogas. A legalização geraria também receitas tri-
butárias da ordem de 46,7 bilhões de dólares anuais, utilizando-se tarifas
compatíveis com as aplicadas ao álcool e ao tabaco, sendo que 8,7 bilhões
proviriam do comércio da maconha e 38 bilhões das demais drogas. Ne-
cessário destacar que a soma entre redução de despesas e arrecadação
tributária adicional acrescentaria aos cofres públicos cerca de 88 bilhões
de dólares anuais. E aí não estão sendo consideradas todas as outras van-
tagens correlacionadas com a legalização, como a questão da saúde.
Considerando que os governos estaduais e federais dos Estados
Unidos enfrentam uma difícil crise fiscal, pois a dívida nacional correspon-
de a 60% do PIB, nível mais alto desde a segunda grande guerra mundial,
proporção essa que pode inclusive aumentar para mais de 75%, qualquer
alternativa de redução da despesa e de aumento da arrecadação deveria
ser considerada com muita atenção.
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