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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 63 (Edição Especial), p. 83 - 95, out. - dez. 2013
A Economia das Drogas
Tornadas Ilícitas
Dr. Ronald Lobato
Economista. Doutorando em Planejamento Territo-
rial e Desenvolvimento Regional na Universidade Fe-
deral de Barcelona.
Boa tarde a todos! Agradeço o convite para estar aqui conversan-
do e debatendo sobre assunto que é complexo como toda questão social
importante. E que é transetorial, ou seja, objetivamente não é possível
compreender o fenômeno sem termos uma visão totalizante sobre esta
realidade. E mais, compreender também que isso só pode ser equaciona-
do na medida em que percebamos que as coisas avançam; se movimen-
tam ao longo do tempo. Essa não é uma percepção nova. Quatrocentos
anos antes de Cristo, Heráclito dizia que um homem não toma banho duas
vezes em um mesmo rio. Isso porque as águas do rio e o homem não são
os mesmos nessas duas oportunidades.
Eu havia feito algumas considerações sobre essas questões de
conceitos etc., mas entendo que o tempo disponível não é grande; en-
tão vou passar adiante e entrar direto no tema. É importante compre-
ender a abrangência das consequências da legalização das drogas
versus
a situação de proibição para a sociedade e suas implicações econômi-
cas, devendo ficar claro que as questões da saúde e da segurança são
as mais relevantes. Mas, felizmente, há muitas experiências inovadoras
que permitem a análise de soluções que enriquecem a reflexão sobre que
alternativas incentivar, tanto no campo da descriminalização, quanto no
da legalização, tanto na abordagem territorial limitada, quanto na mais
ampla e, certamente, considerando o fato de que as Nações Unidas têm
convenções contra a legalização.
Entretanto, alguns países têm avançado na descriminalização, va-
lendo destacar Portugal e a República Tcheca. Em todos os casos, houve
testes quanto à repercussão social e econômica de tratamento e recupe-