Revista da EMERJ (Edição Especial) nº 63 - page 91

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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 63 (Edição Especial), p. 83 - 95, out. - dez. 2013
deprimidas e cujas características afastam investidores. Esta política custa
para as comunidades negras milhões de dólares não contabilizados, mi-
lhões de dólares não aplicados no desenvolvimento econômico potencial,
agravando a economia política nos centros das cidades.
Mas, desconsiderando esses adendos e focando nas consequências
e no custo que envolve a verba para a corrupção e o papel dos “cachorros
grandes” neste mistério, convém olhar o exemplo do HSBC, um grande
banco internacional. Vamos analisando essas coisas e descobrimos que,
além dos “cachorros grandes”, existem os “cachorros enormes”. O HSBC é
certamente um “cachorro enorme”.
Em 2010, o chefe da divisão criminal do Departamento de Justi-
ça norte-americano criou uma força-tarefa contra a lavagem de dinheiro,
que conseguiu arrecadar mais de dois bilhões de dólares em multa a ban-
cos. Um número que duplica só com o caso HSBC. O inquérito, conduzido
pelo Departamento de Justiça, o tesouro e os promotores de Manhattan,
identificou seis bancos estrangeiros, incluindo o
Credit Suisse
e o
Barclays
.
O
ING Bank
aceitou pagar seiscentos e dezenove milhões de dólares por
haver transferido bilhões de dólares dos Estados Unidos para países como
Cuba e Irã, que sofrem sanções dos Estados Unidos apesar de apenas
não agirem de acordo com os interesses ideológicos e comerciais daque-
le país. O
Standard Chartered
, banco britânico, transferiu pelos mesmos
motivos às autoridades federais e estaduais norte-americanas trezentos e
vinte e sete milhões de dólares.
Mas, vamos para o HSBC. O HSBC assumiu relevância nessa inves-
tigação porque a promotoria descobriu que, além de fazer transferência
para os tais países “perversos”, segundo os Estados Unidos, o banco tinha
facilitado a lavagem de dinheiro para cartéis de drogas mexicanos, além
de ter mandado dinheiro sujo para bancos sauditas ligados a grupos terro-
ristas, embora se deva ter em conta que a Arábia Saudita não se inclui en-
tre os países “perversos”, pois atua em consonância com os objetivos da
política externa norte-americana, sendo um de seus principais aliados no
oriente médio. A subcomissão permanente de investigações realizou uma
audiência com o HSBC, na qual o chefe de
compliance
do banco renunciou
em meio a preocupações crescentes de que os principais funcionários do
banco eram cúmplices na atividade ilícita. Mesmo depois desses inciden-
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