R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 63 (Edição Especial), p. 46 - 69, out. - dez. 2013
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apresentou problema de saúde posteriormente diagnosticado como
“neoplasma maligno” (linfoma) na região do pescoço. Submeteu-se às
intervenções cirúrgicas pertinentes e iniciou tratamento, realizando inú-
meras sessões de químio e de radioterapia. Em razão da doença e dos
efeitos colaterais do procedimento medicamentoso, Alexandre procurou
tratamento psiquiátrico, pois sentia que não tinha mais forças para supor-
tar a “luta contra a doença.” O psiquiatra, na tentativa de minimizar os
efeitos das drogas terápicas e de recuperar emocionalmente o paciente,
receitou um psicofármaco muito potente, denominado
Tranquinol
, cujos
efeitos são profundas alterações de consciência, mais fortes, p. ex., que
as geradas pelo uso da maconha.
Tranquinol
é um ansiolítico, um tranqui-
lizante de alta potência com profundo efeito de sedação e de indução do
sono. Os efeitos podem durar até 12 horas e as consequências colaterais
são bastante relevantes: tontura e vertigem. Além disso, a droga (
Tranqui-
nol
) gera dependência física e o usuário, em estado de abstinência, pode
sentir muita irritabilidade, insônia, tonturas, enjoo, cansaço e fortes dores
de cabeça e musculares.
Segundo os relatos de Alexandre Thomaz no documentário
“Corti-
na de Fumaça”
e no Inquérito Policial no qual foi indiciado e, posterior-
mente, denunciado pelo delito previsto no art. 33, § 1
o
, II, da Lei 11.343/06
(TJRS, Apelação Criminal 70050818152, 2ª Câmara Criminal, Rel. Des. Lize-
te Andreis Sebben), a droga receitada pelo psiquiatra produziu um efeito
ainda mais desgastante, pois agregou nova dosagem química às outras
substâncias que estavam sendo ingeridas em decorrência da rádio e da
quimioterapia.
No desgastante cenário em que vivia, orientado por um oncolo-
gista, tomou conhecimento do uso medicinal da
cannabis
, notadamente
dos resultados satisfatórios na diminuição dos efeitos colaterais do trata-
mento químico. Paralelamente, tomou a decisão de mudar radicalmente
o seu estilo de vida urbano e o foco profissional altamente competitivo
determinado pelo mercado publicitário – “
em consultas na internet, livros
etc, soube o declarante que precisava se alimentar melhor com alimentos
naturais. Diante desta nova descoberta, adquiriu um pequeno sítio de dois
mil metros quadrados, onde pretendia fazer uma horta 100% orgânica.
Que realmente fez a horta com plantação de temperos, ervas medicinais,