R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 63 (Edição Especial), p. 105 - 109, out. - dez. 2013
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cone. Aliás o Zaccone é um show. O papel do Orlando Zaccone é funda-
mental, o trabalho dele também. É um companheiro da luta contra esse
espetáculo para sádicos.
Então parabéns ao Zaccone, à Vera, ao Zaffaroni. Muito obrigado
pela presença de todos.
Delegado Orlando Zaccone:
Então, o painel que vai encerrar o primeiro Seminário da LEAP BRA-
SIL intitula-se “Guerra às drogas e letalidade do sistema penal”. A ideia de
encerrar o seminário com esse tema veio de uma pesquisa da Anistia In-
ternacional, que eu gostaria de mencionar antes de passar a palavra para
a Professora Vera Malaguti e depois para o Professor Zaffaroni.
Nesta pesquisa, a Anistia Internacional observou que, no ano de
2011, somando-se todos os países que preveem pena de morte no mun-
do – são 21 países, mas a China não revela seus dados; assim, a pesquisa
se refere aos restantes 20 países que forneceram os dados sobre a pena
capital, a pena de morte legal – foram 676 pessoas executadas. Chamou
a atenção da Anistia Internacional o número de pessoas que, nos estados
do Rio de Janeiro e de São Paulo, foram mortas através de ações policiais
– que eu reputo como mortes do sistema penal, porque essas mortes de-
pois serão legitimadas através de uma forma jurídica intitulada “auto de
resistência”. Foram mortas no Rio de Janeiro 524 pessoas e em São Pau-
lo 437 pessoas. Somando-se, são 961 mortes por agentes do Estado em
operação, ou seja, um número 42,16% maior do que as penas de morte
aplicadas em todo o mundo.
Esse dado me chamou atenção especialmente porque, recente-
mente, fizemos um evento da LEAP na Academia de Polícia Civil e um po-
licial pediu a palavra na hora dos debates, falando assim: “Vocês estão
muito atrasados. Nós deveríamos estar seguindo a China (a China para ele
é a referência do avanço) porque lá se mata traficantes.” Eu falei: “Não!
Você está errado, cara! A China é que teria de seguir o Brasil, porque, sob
esse aspecto de matar traficantes, nós temos a liderança” e mostrei os
números. Aí prossegui: “Acho que deveríamos chamar os chineses para
virem ao Brasil aprender como se mata traficantes e, então, voltar para a