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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 63 (Edição Especial), p. 105 - 109, out. - dez. 2013
Intervenção do Desembargador Sérgio de Souza Verani:
Boa Tarde!
Eu vou repetir o que eu disse de manhã porque estava aqui na mesa
abrindo a apresentação de Maria Lucia Karam e Nilo Batista. E para mim, na
função de Diretor-Geral da Escola é uma grande honra, um orgulho de estar
aqui presente com dois companheiros antigos de luta, de rebeldia, de mui-
tas alegrias e dores também. Mas fundamentalmente de muita solidarie-
dade, de muito trabalho coletivo. E agora, no encerramento do seminário,
na presença de Vera Malaguti e Eugenio Raúl Zaffaroni, a honra também é
tão grande. Quanto à Vera, todos conhecem o trabalho dela, fundamental
na formação desse pensamento crítico. E o Zaffaroni, todos também o co-
nhecemos, aprendemos com ele, eu não via o Zaffaroni havia muitos anos,
mas estava lembrando a primeira vez em que eu estive com ele pessoal-
mente; foi num seminário que houve aqui no Rio sobre os sistemas penais
da América Latina, em 1984 ou 1985, organizado pela Cândido Mendes de
Ipanema.
Mas aí conheci o Zaffaroni e a obra dele e guardo desse seminário
o relatório sobre sistemas penais da América Latina, e uma expressão que
o Zaffaroni usou, que eu não canso de citar: os sistemas penais da Améri-
ca Latina produzem desigualdade e enquanto o sistema penal tiver como
referência a punição, não deixará de ser um “espetáculo para sádicos”.
Esse espetáculo para sádicos em que se constituiu, em que se constitui o
sistema penal, ele vai cada vez mais se exacerbando. Hoje de manhã nós
ouvimos as falas, à tarde infelizmente eu não pude estar, mas todas nesse
sentido de como limitar esse espetáculo para sádicos. Porque é um espe-
táculo para sádicos manter milhares de pessoas encarceradas, presas, so-
frendo a produção de um sofrimento interminável. Nós que trabalhamos
com o sistema penal, seja qual for a área, eu sempre achei que a nossa
função é exatamente combater esse espetáculo para sádicos. E fazer com
que o sistema penal possa, um dia, quem sabe, deixar de ser um espetá-
culo para sádicos.
Eu acho que aí só exterminando ele, mas é uma luta permanen-
te para coibir esse espetáculo para sádicos. Especialmente para que os
trabalhadores do sistema penal não se deixem envolver pelo trabalho da
reprodução da desigualdade, da punição, da vingança e da segregação.
Então fico muito honrado de estar aqui presente. E parabenizando o Zac-