

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 76, p. 182 - 187, out. - dez. 2016
187
mensão material da democracia, passam a ser tratados como algo descar-
tável, como uma mercadoria para ser usada ou descartada seletivamente.
Embora toda a população figure como objeto dos direitos humanos, ape-
nas uma pequena parcela ostenta a condição de sujeito desses direitos.
Mudar esse quadro, superar o que alguns já chamam de “pós-de-
mocracia”, passa por ressignificar o mundo. Resgatar a importância de va-
lores inegociáveis, como a liberdade e a dignidade humana. Insistir nos
direitos fundamentais como obstáculos intransponíveis ao exercício do
poder, de qualquer poder. Admitir que a ideia de civilização implica conter
a natural agressividade das pessoas. Enfim, apostar nos direitos humanos,
em uma nova concepção que supere as limitações de sua matriz liberal
e ocidental, como elementos potencializadores do projeto de vida digna
para todos e todas.