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TRANSCRIÇões

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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 22, p. 11-89, 1º sem. 2015

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grau e, às vezes, a das Turmas Recursais, que muitas vezes são Juízes com

um pouco mais de tempo de casa e, no meio disso, temos ainda o Sistema

de Juízes leigos que foi implementado aqui no Tribunal. eu não sei efeti-

vamente quando, mas que foi em 2006 e, obviamente, também, tem uma

interferência muito grande no Sistema dos Juizados.

na verdade, o Juiz leigo, efetivamente, ele acaba julgando da forma

que o Juiz togado entende, mas você gera também uma nova troca de

experiências, porque, obviamente, muitas das vezes o Juiz togado troca

ideia com o Juiz leigo. com os Juízes leigos, os togados diminuíram muito

o número de audiências que faziam, o que também muda a percepção do

togado, diretamente, com relação ao problema, porque, o Juiz que faz a

audiência tem uma percepção do problema totalmente diferente do Juiz

que não faz a audiência. Isso também é muito relevante e acredito que

também vem interferindo na questão das decisões. De 2007 a 2009, quan-

do eu passei na Turma Recursal, cerca de 80% dos recursos que eram exa-

minados eram dos fornecedores. cerca de 80%. Hoje, quando eu vou pra

uma sessão, às vezes, a pilha de recurso do consumidor é maior do que a

minha pilha de recurso do fornecedor. É uma quesão sobre a qual temos

que refletir.

Des. Ana Maria

– Só a propósito da audiência, sempre que eu toco

nesse assunto, eu falo a mesma coisa, pode ser que um dia isso tenha al-

guma repercussão. Eu sempre me lembro da frase, eu estou vendo a cena,

num desses Encontros de Juizados, a gente discutindo se processo de Jui-

zado precisa ou não precisa ter audiência e, aí, lá às folhas tantas, num

determinado momento um magistrado disse: “não, mas pra que a parte

tem que ver a cara do Juiz?” E, aí, o Breno, nosso colega, disse: “não, não

é a parte que tem que ver a cara do Juiz, para o Juiz é que é importante

ver a cara da parte”. Nesse sentido que o Paulo acabou de mencionar, o

Juiz deve ter a percepção até para aferir um valor de indenização. É muito

diferente ver uma prova, como, hoje, a percepção que temos no 2º grau

(e a Turma Recursal é um 2º grau) e estar ali, olhando no olho da parte, fa-

zendo uma indagação. é muito diferente. Às vezes, uma pergunta resolve,

uma pergunta muda tudo. O Juiz leigo não teve a mesma percepção que

você, não fez.