

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 79, p. 263 - 308, Maio/Agosto 2017
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da sociedade carioca constituiu um comitê chamado “Damas da Cruz
Vermelha”, o qual se tornou posteriormente a Seção Feminina da Cruz
Vermelha Brasileira. O primeiro curso de enfermeiras voluntárias começou
em 20/10/1914, existindo até hoje (embora tenha fechado de 2000 a 2009),
com atuação destacada na epidemia de gripe espanhola em 1918. Cite-se
ainda que duas enfermeiras formadas na Escola da CVB participaram da
2ª Grande Guerra como membros da Força Expedicionária Brasileira na
Itália: Elza Cansação Medeiros e Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero.
Outras duas enfermeiras da CVB foram agraciadas com a Medalha Floren-
ce Nightingale: Idália de Araújo Porto Alegre (1929) e Irene de Miranda
Cotegipe Milanez (1949).
A estrutura da Cruz Vermelha Brasileira, apesar de obedecer ao
princípio da unidade, que impõe um único órgão de direção, comporta
diversas filiais, dada a grande extensão do território do país. A Lei fede-
ral n. 2.380, de 31 de dezembro de 1910, regulou a matéria, permitindo
que ditas filiais pudessem adquirir personalidade jurídica própria. Des-
sarte, abriu-se uma filial logo em 1912, em São Paulo, depois em Minas
Gerais, em 1914, e assim por diante, sendo que hoje há 18 filiais estadu-
ais e 52 municipais.
A Cruz Vermelha Brasileira enviou voluntários para as duas Grandes
Guerras Mundiais do século XX. Como hoje o país não está em guerra, suas
atividades têm se concentrado em campanhas de saúde pública, numa atua-
ção assessória e complementar aos serviços públicos oficiais. Na sua história,
deve ser ressaltada a sua atuação na guerra do Contestado (Santa Catarina,
1914), na epidemia de gripe espanhola (1918), na campanha contra tubercu-
lose (1920), além de várias campanhas para vítimas de inundações no país, de
terremotos e de tsunami em outros países. A CVB atua ainda na orientação
de jovens no bairro boêmio carioca da Lapa, para alertar quanto ao risco de
doenças venéreas.
10. CONCLUSÃO
Tentamos neste trabalho dar um panorama geral da Cruz Vermelha.
Lembramos, mais uma vez, que a mesma nasceu da ideia de um homem,
Henry Dunant, movido pelo sentimento de caridade que nele despertou
diante da carnificina de Solferino. Mas a entidade se espalhou pelo mundo
e se agigantou. Passou a abranger outras atividades, além daquelas que se
referem estritamente à assistência às vítimas de conflitos armados. Passou a