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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 79, p. 263 - 308, Maio/Agosto 2017

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feridos sob custódia de seu Estado estimula que a Sociedade Nacional do país

adversário dê igual tratamento aos compatriotas detidos do outro lado.

Mais tarde, a reciprocidade se estendeu à troca de informações sobre

experiências havidas. Hoje se inclui nas condições de reconhecimento de

uma Sociedade Nacional participar da rede de solidariedade que une as de-

mais Sociedades Nacionais e órgãos internacionais da Cruz Vermelha.

Normalmente, a assistência às vítimas de conflitos ou tragédias natu-

rais incumbe à Sociedade Nacional do respectivo país. Todavia, na eventual

impotência operacional desta diante da dimensão do caso, a ajuda de parte

das outras Sociedades Nacionais, sobretudo dos países vizinhos, traduz o

atendimento ao princípio aqui tratado. Não há obrigação legal da reciproci-

dade, mas esta opera como uma garantia moral de que a ajuda virá daqueles

que já foram ajudados.

7.11. Previdência

A Cruz Vermelha deve estar sempre pronta e preparada para enfrentar

as tarefas que possam surgir. A batalha de Solferino demonstrou como os

exércitos estavam despreparados para cuidar dos feridos de guerra, pois a

estrutura socorrista montada se verificou irrisória para o número de baixas.

A ideia de Henry Dunant foi justamente a de que devia-se preparar em tem-

po de paz para que se pudesse ajudar as vítimas das guerras que viriam. A

História do mundo nos ensina que a paz entre as nações não é eterna, não

sendo, pois, prudente relaxar nesse ponto. Note-se que, mesmo hoje em dia,

a possibilidade de uma guerra é bem palpável, se levarmos em consideração

o tamanho dos exércitos que os países modernos mantêm.

Isso requer trabalho sem trégua, formando pessoal habilitado, prepa-

rando o material necessário, aperfeiçoando as técnicas de socorro etc. Logo

após a grande mobilização de socorros que ocorreu com a 1º Guerra Mun-

dial, verificou-se a necessidade de não deixar o pessoal inativo. Assim, as

Sociedades Nacionais se puseram a cuidar dos doentes civis, criando escolas

de enfermagem

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, intervindo em catástrofes naturais etc. Mas é na guerra que

a Cruz Vermelha tem sua prova de fogo, pois, se em tempo de paz outras

instituições filantrópicas podem se ocupar das vítimas, na guerra, a Cruz

Vermelha às vezes é a última esperança.

Cite-se mais uma vez que as condições de reconhecimento das Socie-

dades Nacionais exigem que estas se preparem desde o tempo de paz para as

36 Data justamente de 20/10/1914 a criação da Escola Prática de Enfermagem da Cruz Vermelha Brasileira.