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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 79, p. 263 - 308, Maio/Agosto 2017

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atividades do tempo de guerra. É verdade que as guerras e as catástrofes são

temporais, mas a necessidade de estar pronto é permanente.

Uma boa forma de aliviar o sofrimento humano é tentar evitá-lo e,

nesse sentido, a Cruz Vermelha atua intensamente. No domínio sanitário,

ocupa-se da profilaxia, da vacinação, da educação para a higiene, sobretudo

por intermédio das Sociedades Nacionais. No campo jurídico, a incumbên-

cia recai mais sobre o Comitê Internacional, promovendo a elaboração de

normas de direito humanitário, como vem ocorrendo nas Convenções de

Genebra. Assim, a Cruz Vermelha previne na paz o acúmulo de trabalho que

terá de enfrentar na guerra.

8. A CRUZ VERMELHA PORTUGUESA

Portugal esteve presente na 1º Conferência da Cruz Vermelha e na

subsequente 1º Convenção de Genebra, de 1864. Foi representado pelo mé-

dico militar Dr. José Antônio Marques, pessoa de bastante prestígio no país,

inclusive como cientista. Por sinal, suas propostas na Conferência apresen-

tavam forte caráter humanitário, tendo algumas sido aceitas no documento

final

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. Logo em seguida, em 11 de fevereiro de 1865, foram elaborados os

estatutos provisórios por uma “comissão organizadora” e, em 26 de maio

de 1868, foi publicado o decreto que fundou a “Comissão Portuguesa de

Socorros a Feridos e Doentes Militares em Tempo de Guerra”.

Tal comissão era presidida pelo General José Maria Baldy e funciona-

va, segundo seus estatutos, sob os auspícios do Ministério da Guerra, situa-

ção essa que ainda perdura, hoje sob a tutela do Ministério da Defesa. Após

o mandato de General José Maria Baldy, a presidência foi ocupada pelo

General Augusto Xavier Palmeirim, mas a atividade da Comissão se arrefe-

ceu, tanto que Portugal não participou do Congresso de Berlim de 1869. Em

1887, contudo, a ideia foi ressuscitada pelo General Antônio Florêncio de

Souza Pinto, já com o nome de Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha. A

entidade, a partir de então, se desenvolveu e participou de todos os grandes

conflitos da história mundial.

Hoje, a Cruz Vermelha Portuguesa está estruturada de forma a perse-

guir seus objetivos institucionais. Possui órgãos sociais de natureza delibe-

rativa, diretiva, consultiva e fiscalizadora. Entres os deliberativos, no topo,

37 Foi aceita a proposta de que a Convenção fosse extensiva a todos os feridos, independentemente da sua classificação

(o projeto inicial só se referia aos feridos graves) e também extensiva aos militares doentes, mesmo não feridos. Já a sua

proposta de que aos hospitais civis, desde que neles estivessem militares feridos ou doentes, fosse concedida proteção e

neutralidade não foi aceita.