Background Image
Previous Page  176 / 338 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 176 / 338 Next Page
Page Background

176

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 78, p. 168 - 187, Janeiro/Abril 2017

A importância da atividade empresarial do Estado na história oci-

dental e brasileira é marcante. Basta lembrarmos que toda a expansão ma-

rítima europeia dos séculos XV e XVI foi feita por companhias mistas

31

es-

tabelecidas entre os Estados absolutistas e capitais privados, para a compra

e venda de matérias-primas das colônias.

No Brasil, a primeira empresa fundada em nosso solo foi uma “es-

tatal”, o Engenho da Vila de São Vicente, fundado em 1533 por Martim

Afonso de Sousa e administrada pelo Padre Gonçalo Monteiro.

32

Os mol-

des do sistema colonialista brasileiro condicionariam o desenvolvimento

de suas atividades econômicas até o século XIX.

33

A partir daí a atuação direta do Estado aumentou progressivamente

nos séculos que seguiram.

34

No Estado liberal, o intuito foi criar infraes-

trutura e insumos necessários ao desempenho de outras atividades econô-

micas, como a produção siderúrgica e a exploração de ferrovias, o que, no

Brasil, em face do seu desenvolvimento tardio, só veio a ocorrer no século

XX, havendo até então apenas algumas poucas delegações à iniciativa pri-

vada, como as ferrovias concedidas ao Barão de Mauá.

35

De 1930 a 1970, o número de empresas estatais brasileiras aumentou

de 17 para 131.

36

Na década de 1930, observa-se uma mudança no para-

digma agroexportador brasileiro, em razão da crise econômica de 1929,

tornando-se necessária a implementação de padrão fundado na produção

industrial de bens de consumo não duráveis.

37

Nesse momento, surgem

31 Sobre o tema e o papel das companhias na expansão marítima Europeia, ALBUQUERQUE, Roberto Chacon de.

A Companhia das Índias Ocidentais: uma sociedade anônima?.

Revista da Faculdade de Direito da Universidade

de São Paulo,

105, p. 4, jan./dez. 2010. A título ilustrativo, os comerciantes holandeses buscaram criar associações em

companhias, as quais tinham o objetivo de controlar o comércio tanto com as Américas quanto com a África Ocidental,

que culminariam, mais tarde, na fundação da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais.

32 REIS, Nestor Goulart. Os engenhos da baixada santista e os do litoral norte de São Paulo.

Revista USP.

São Paulo,

n. 41, p. 62-73, mar./maio 1999.

33 FILHO, Alberto Venancio.

A intervenção do Estado no domínio Econômico:

o Direito Público Econômico no

Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Renovar, 1998. p. 21.

34 HUGON, Paul.

História das Doutrinas Econômicas.

14. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 1995. p. 412. O autor destaca

que o intervencionismo estatal foi uma decorrência da necessidade de o Estado prover à sociedade a aquisição de rendi-

mentos, paralelamente ao desenvolvimento da economia e à realização de obras públicas.

35 CALDEIRA, Jorge.

Mauá

: O Empresário do Império

. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 1995.

36 RÜCKERT, Isabel Noêmia. Alguns aspectos das empresas estatais no Brasil.

Ensaios FEE.

Porto Alegre, v. 2, nº 1,

p. 75-93, p. 85, 1981.

37 A Era Vargas foi inicialmente marcada pela conjuntura crítica resultante da crise de 1929, bem como pela queda de

preços do café, o que gerou a reação governamental para que a produção excedente do produto fosse diminuída, a fim

de garantir o preço (JÚNIOR, Caio Prado.

História Econômica do Brasil.

São Paulo: Ed. Brasiliense, 1980. p. 294). A

consequente queda nas reservas estrangeiras e a redução da capacidade do país em importar mercadorias levaram à esti-

mulação do desenvolvimento da indústria nacional, desde o primeiro período de Vargas (AGUILLAR, Fernando Herren.

Direito Econômico:

do Direito Nacional ao Direito Supranacional. 1. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2006. p. 114).