Background Image
Previous Page  201 / 218 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 201 / 218 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 76, p. 195 - 204, out. - dez. 2016

201

imitam aqueles cujos atos foram bem sucedidos, em quem confiam e que

possuam autoridade sobre eles. A noção de prestígio é essencial para tor-

nar o ato ordenado, autorizado e provado, e é nele que se encontra o

elemento social. No ato imitador encontram-se o elemento psicológico e

o elemento biológico. Assim, o conjunto é condicionado pela mistura dos

três elementos de forma indissolúvel (Idem, p. 215). A tradição também

possui um papel fundamental. O autor denomina como técnicas corporais

aquelas que derivam de um ato tradicional eficaz, não havendo técnica

nem transmissão se não houver uma tradição. Nesse sentido poder-se-ia

compreender como a educação dos homens jovens guiada pelos homens

maduros serve como forma de transmissão dessa cultura patriarcal e ma-

chista que objetifica a mulher e menospreza todos os que fogem ao pa-

drão da masculinidade, submetendo-os a diversas formas de violência e

violação de seus direitos humanos.

A partir de uma revisão bibliográfica da literatura feminista france-

sa contemporânea, Welzer-Lang (2000) tem por princípio o rompimento

com as definições naturalistas e/ou essencialistas dos homens. Ele desen-

volve o argumento – como Nascimento (2006) – de que há um conjunto

de esquemas, de hábitos, de idealizações e de comportamentos homofó-

bicos e heterossexuais que constroem a identidade masculina e fortale-

cem a dominação das mulheres pelos homens.

A construção das relações entre homens e mulheres - e homens e

homens - são analisadas como relações sociais de sexo e é o produto de

um duplo paradigma naturalista: a pseudo natureza superior dos homens,

que remete à dominação masculina, ao sexismo e às fronteiras rígidas e

intransponíveis entre os gêneros masculino e feminino; e a visão hete-

rossexuada do mundo na qual a sexualidade considerada como “normal”

e “natural” está limitada às relações sexuais entre homens e mulheres

(WELZER-LANG, 2000, p. 460).

Os estudos feministas realizados nas últimas décadas foram funda-

mentais para a aceitação da tese de que os homens dominam coletiva e

individualmente as mulheres e que esta dominação se exerce na esfera

privada e na pública, atribuindo aos homens privilégios materiais, cultu-

rais e simbólicos. A opressão das mulheres pelos homens é um sistema

dinâmico no qual as desigualdades vividas pelas mulheres são os efeitos

das vantagens dadas aos homens. E essas vantagens foram social e histo-

ricamente construídas, criando uma cosmogonia que atribui aos homens