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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 76, p. 128 - 131, out. - dez. 2016

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para amaciar o peso da cela e do cavaleiro. Nos sindicatos, para amaciar a

pressão do capitalista sobre a classe trabalhadora. Pois o sindicalismo no

Brasil, com a exceção do comando geral dos trabalhadores na década de

1960, sempre foi dominado por pelegos, até que surgiram os sindicatos

do ABC paulista, e nele a liderança de Luis Inácio da Silva, o Lula.

Na política, o mais que se tinha avançado estava no trabalhismo de

Vargas, Jango e depois Leonel Brizola. O partido comunista, com a revo-

lução frustrada em 1935 e vitimado pela brutal e continuada repressão,

praticamente perdera-se. Mas o metalúrgico Lula, repetindo com vanta-

gem o marmorarista Minervino de Oliveira, na década de 1920, lançou-

-se, além da organização sindical, no campo da política, liderando com

sucesso o Partido dos Trabalhadores. Foi demais para a classe dominante.

PT e Lula em princípio não lograram sucesso, mas insistiram e Lula acabou

eleito e reeleito para a presidência do Brasil e, mais, fez sua sucessora,

que também se reelegeu. E a classe dominante, sentindo-se acuada, já

não pôde conter sua índole golpista e, vestindo-se de juridicidade, vai ten-

tando um golpe, principalmente valendo-se do Poder Judiciário. É bom

relembrar o grande Calamandrei, quando afirma que os juízes (pode in-

cluir-se os promotores, os advogados, os procuradores), numa sociedade

burguesa, formando-se na cultura jurídica da burguesia que lhe passam

nas universidades, terão inevitavelmente uma formação jurídica burguesa

a orientar-lhes as eventuais decisões. Vejam como exemplo as decisões

do Juiz Moro e do Ministro Gilmar Mendes e a vergonhosa posição da

OAB contra a Presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, e percebam, que

enquanto Vargas foi vitimado pela "República da Aeronáutica", Dilma e

Lula correm o risco de serem vitimados por estranhíssima república de ju-

ízes, promotores, procuradores e advogados. “Vade retrum” diria um re-

ligioso invocando poderes sobrenaturais. Politicamente, pode afirmar-se

que o povo na rua, povo trabalhador organizado, nas cidades e no campo,

a CUT, o MST e o MTST e demais formações da classe trabalhadora não

permitirão que se dê e concretize esse projeto golpista. “Não passarão”,

diria a grande liderança feminina da história. “Não terá golpe”, dizem em

uníssono trabalhadoras e trabalhadores em todo o Brasil.