

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 76, p. 128 - 131, out. - dez. 2016
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Adolf Hitler, e, na Itália, o fascismo de Mussolini, principais protagonistas
da Segunda Guerra Mundial. No enfrentamento, no outro polo, os chama-
dos aliados, entre os quais uma contradição, lado a lado o regime socialis-
ta da União Soviética e as principais nações capitalistas, Inglaterra, França
e Estados Unidos da América.
Os efeitos do conflito europeu não poderiam deixar de repercutir
no Brasil. Em 1935, o partido comunista tenta uma revolução, que se frus-
trou, mas deixou nomes importantes na política nacional, como, princi-
palmente, Luiz Carlos Prestes e Apolônio de Carvalho, e mais adiante a
tentativa golpista do fascismo integralista, que redundou na ditadura de
Vargas em 1937, o chamado Estado Novo. Pois Vargas beirou o fascismo
europeu assumindo aqui com o Estado Novo o fascismo, a ditadura com
todos os seus ingredientes de perseguições, violência, tortura e mortes.
Com a vitória em 1945 dos aliados, cai no Brasil, em 1946, a ditadu-
ra de Vargas, restabelecendo-se formalmente o regime democrático. Mas
Vargas, sem dúvida um gênio político, criando dois partidos, um voltado
para a classe trabalhadora, o PTB, outro comprometido com o latifúndio,
cuja permanência na economia brasileira sempre se manteve, o PDS, ele
Vargas conseguiu conservar-se na crista da política nacional, e em 1950,
voltou ao poder, agora democraticamente eleito pelo povo, pode dizer-se
nos braços do povo.
Só que as eleições de 1950 traziam um Vargas revigorado pela cida-
dania e inflado pela democracia, com matizes ideológicos socialistas, em
razão da presença da União Soviética no contexto internacional. Já não
servia aos interesses do capital, envolto na guerra fria e correndo o risco
de perder seus domínios na América Latina. Por outro lado, destacava-se
como partido de oposição a UDN, liderada de fato por um habilidoso e
combativo político de direita, o jornalista Carlos Lacerda. Getúlio Vargas
incomodava e com ele crescia a força democrática do povo. Deu-se en-
tão a tentativa de assassinato contra Carlos Lacerda, que redundou na
morte do major Rubem Vaz, provocando forte reação nas forças armadas,
principalmente na corporação do morto, a Aeronáutica, onde se formou
um grupo amotinado na época chamado "República da Aeronáutica". A
pressão contra Vargas aumentava a cada dia, à frente Carlos Lacerda, mas
como força mais atuante e definitiva, e primeiro indicativo de um projeto
golpista que só veio a concretizar-se em 1964. Getúlio suicidou-se e, com
sua morte, deu ao povo um novo caminho de luta e resistência democrá-