Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  75 / 210 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 75 / 210 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 74, p. 66 - 76. 2016

73

As principais associações voltadas para a arbitragemmarítima, além

das citadas London Maritime Arbitrators Association (LMAA), Singapure

Chamber of Maritime Arbitration (SCMA), e SMA (Society of Maritime Ar-

bitrators Nova York), são as câmaras China Maritime Arbitration Commis-

sion (CMAC), e a German Maritime Arbitrators Association (GMAA).

São aplicadas a lei de arbitragem, as cláusulas da convenção de ar-

bitragem, o regulamento das câmaras especializadas, os tratados e con-

venções internacionais, as regras internacionais do comércio, além dos

usos e costumes.

3

Há que se destacar, nesta seara, a Lex Mercatoria, como um um

conjunto de princípios e regras costumeiras, espontaneamente referidos no

comércio internacional, sem referência a um sistema particular de lei na-

cional. Outrora, os conceitos de Estado Nacional e de Lex Mercatoria eram

praticamente excludentes, mas hoje fala-se em uma nova Lex Mercatoria,

intrínseca no mercado globalizado, cujas fontes consubstanciam-se, entre

outras, nos costumes internacionais, nos contratos-tipo elaborados pelas

organizações internacionais e incoterms. Então por que estimular a arbi-

tragem em substituição da Justiça Estatal? Ora, o tribunal arbitral goza de

maior liberdade para fundamentar suas decisões na Lex Mercatoria, do que

o juiz togado, que só a aplica na lacuna da lei, e quando a Lex Mercatoria

não for conflitante com o direito estatal. Uma das vantagens da Lex Merca-

toria reside no fato de esta acompanhar mais a evolução do comércio do

que a lei estatal, pois independe do burocrático processo legislativo.

Diferentemente do que ocorre no contexto mundial e inobstante a

expressa previsão legal, a arbitragem no Brasil para solução de conflitos

nos setores marítimo e portuário ainda não é uma opção contratual re-

corrente. Os

players

do universo marítimo têm resistência a algumas de

nossas práticas usuais, como a de flexibilizar cláusulas contratuais, o que

pode gerar interpretação contrária às práticas comerciais – que no comér-

cio marítimo internacional fulcra-se mais na praxe do que no regramento

positivado. Por conta dessa resistência em se adotar a arbitragem brasi-

leira, elevados recursos financeiros são destinados aos centros de arbitra-

gem de Londres e Nova York - ou mesmo à crescente Singapura - a fim de

resolverem conflitos que envolvem interesses de empresas brasileiras que

operam no transporte marítimo

4

.

3 (SZKLAROWSKY, Leon Frejda. "Arbitragem Maritima".

Revista Jurídica Consulex

. Ano XII, n. 277).

4 (AGRIPINO DE CASTRO JUNIOR, Osvaldo, "ArbitragemMaritima e Portuária",

Revista Direito Aduaneiro, Maritimo

e Portuário

, ano IV, n. 20, 2014, p. 11).