Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  132 / 210 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 132 / 210 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 74, p.108 - 134. 2016

130

10. O CONTEÚDO DA PROVIDÊNCIA CAUTELAR DE URGÊNCIA

Como antes assinalado, o art. 301 do CPC/2015 concede ao juiz

um amplo poder de cautela, autorizando-o a decretar todas as medidas

provisórias idôneas e necessárias ao acautelamento da situação de risco.

À guisa de ilustração, menciona, exemplificativamente, algumas medidas

possíveis, nelas incluída a providência de arresto.

O dispositivo tem sido objeto de críticas, por aludir a procedimen-

tos cautelares que não mais existem no novo CPC

56

.

Entretanto, parecem concordar todos os comentadores que a ade-

quada interpretação ao agora inexistente arresto cautelar é a de uma re-

ferência ao

conteúdo

ou

finalidade

da medida que o CPC/73 definia como

arresto

57

. Não, porém, aos seus

pressupostos específicos de cabimento

,

os quais foram substituídos pelos pressupostos da tutela de urgência, e,

portanto, devem ser desconsiderados

58

.

Feito este esclarecimento, observa-se que o conteúdo da providên-

cia a ser decretada pode variar, conforme o pedido deduzido pelo reque-

rente e acolhido pelo juiz.

Primeiramente, como é mais comum, a parte requer ao juiz que

simplesmente

vede

a prática de ato, no caso, que impeça a saída do na-

vio do local onde se encontra, até que seja prestada caução idônea que

assegure a futura satisfação do crédito reclamado. A ordem de vedação é

materializada por meio de ofício à Autoridade Marítima, encaminhado à

Capitania dos Portos local, determinando-lhe que não conceda passe de

saída à embarcação, ou que, tendo concedido, revogue-o. Temos, aqui,

sendo fiéis à linguagem do Código Comercial, uma nave apenas

detida

por ordem judicial, mas não objeto de apreensão. Estamos aqui, portan-

to, precisamente diante da hipótese legal de simples

detenção

a que alu-

dem os arts. 479 a 483 do Código Comercial. Uma consequência jurídica

daí advinda é que não há restrição à livre disposição da nave pelo seu

proprietário, embora esta permaneça interditada ao tráfego por força da

determinação judicial.

56 Nesse sentido, CASSIO SCARPINELLA BUENO,

Novo Código de Processo Civil Anotado

, p. 221, Saraiva, 2015, e, com

menos ênfase, TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER, MARIA LÚCIA LINS CONCEIÇÃO, LEONARDO FERES DA SILVA RIBEIRO

e ROGÉRIO LICASTRO TORRES DE MELLO,

Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo Civil,

p. 555, RT, 2016.

57 CASSIO SCARPINELLA BUENO, ob. cit, p. 221; LUIS GUILHERME MARINONI, SERGIO CRUZ ARENHART e DANIEL

MITIDIERO,

Código de Processo Civil Comentado

,

p. 384, RT, 2ª Ed., 2016; TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER, MARIA

LÚCIA LINS CONCEIÇÃO, LEONARDO FERES DA SILVA RIBEIRO e ROGÉRIO LICASTRO TORRES DE MELLO, ob. cit,., p. 555.

58 TERESA ARRUDA ALVIMWAMBIER, MARIA LÚCIA LINS CONCEIÇÃO, LEONARDO FERES DA SILVA RIBEIRO e ROGÉ-

RIO LICASTRO TORRES DE MELLO, ob. cit,., p. 555.