Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  114 / 210 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 114 / 210 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 74, p.108 - 134. 2016

112

encontre para fins de seu embargo nas águas brasileiras, mesmo fora das

hipóteses de incidência do CPC

8

.

5. PRESSUPOSTOS GENÉRICOS E ESPECÍFICOS DO EMBARGO

Como acima assinalado, constituem pressupostos genéricos para a

tutela cautelar de embargo o

fumus boni juris

e

periculum in mora

, conso-

ante o disposto no art. 300,

caput,

do CPC/2015, respeitados, ademais, os

pressupostos específicos de leis especiais.

Constituem

lex specialis

em matéria de embargo de embarcações

as normas específicas:

• do Código Comercial;

• da Lei nº 7.203/84 sobre Assistência e Salvamento;

• do art. VI, itens 1b e 2, da Convenção Internacional sobre Res-

ponsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo

de 1969 (CLC/69 - Decreto nº 79.437/77).

Deve-se atentar para o equívoco de muitos autores em apontar

como lei especial na matéria a Convenção Internacional para a Unificação

de Certas Regras Relativas aos Privilégios e Hipotecas Marítimas, aprova-

da pelo Decreto nº 351/35, bem assim o Decreto nº 15.788/22 sobre Hi-

poteca Marítima. Entretanto, tanto a Convenção como o Decreto somen-

te contêm disposições acerca das obrigações elencadas como privilégios

marítimos ― matéria de direito material ―, sem dispositivos quaisquer

de direito processual

(9)

. Como se não bastasse, o Decreto nº 15.788/22

encontra-se formalmente revogado pelo Decreto nº 11 de 18/01/91.

Passaremos, assim, a examinar o regime jurídico específico do em-

bargo constante das leis especiais.

8 Como de longa data já anotava, por exemplo, HAROLDO VALLADÃO,

Direito Internacional privado

, v. III, p. 136,

Livraria Freitas Bastos, 1978. Ver, para maior detalhamento, a nota de rodapé 47, abaixo.

9 Incidem nesse equívoco, por exemplo, GALENO LACERDA e CARLOS ALBERTO ÁLVARO DE OLIVEIRA,

Comentários

ao CPC

, v. VIII, tomo II, p. 33, Forense, 1988 e SÉRGIO SEIJI SHIMURA,

Arresto Cautelar

, p. 151, RT, 1993. Aliás, a

Convenção deixa claro que a matéria processual fica fora do seu escopo, pois, além de somente conter normas de

direito material, o seu art. 16 estabelece expressamente que nada nas suas disposições “pode afetar a competência

dos tribunais, no que diz respeito ao processo e às vias de execução organizadas pelas leis nacionais”.