Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  104 / 210 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 104 / 210 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 74, p. 98 - 107. 2016

102

positário da quantia a ele devida, salvo se a operação for re-

alizada por leiloeiro, quando será este o depositário.”

Então, (a) o recebimento “mínimo” é de 5%. E qual é o máximo?

(b) se a obra é revendida por preço menor, o autor paga a diferença? (c)

na oscilação do preço da obra, qual a base para cálculo da revenda; a pri-

meira de todas ou a mais baixa? O leiloeiro deverá ser depositário de 5%

da revenda das obras; por quanto tempo guarda esse dinheiro? Se não

aparecer interessado, o que ele faz com o “depósito”? Devolve o dinheiro

para as partes?

Essas perguntas mostram a inviabilidade de aplicação prática do

dispositivo. Só conheço um caso, no Brasil, de aplicação de direito de se-

quência que foi julgado pelo STJ e beneficiou João Cândido Portinari, que

teve uma obra penhorada pelo Banco do Brasil por um valor X e depois

revendida por muito mais, mas a lei era outra.

4

Mais fácil de aplicar é a tabela da Diretiva da União Européia que

estipula o pagamento do

droit de suíte

em percentuais sobre o valor da

venda (não sobre a variação) da obra, com limites mínimo e máximo. Aqui

vai o texto contido na lei portuguesa, que reproduz a norma geral Européia:

“Artigo 54.º

Direito de seqüência

1 - O autor de uma obra de arte original que não seja de ar-

quitectura nem de arte aplicada tem direito a uma participa-

ção sobre o preço obtido, livre de impostos, pela venda dessa

obra, realizada mediante a intervenção de qualquer agente

que actue profissional e estavelmente no mercado de arte,

após a sua alienação inicial por aquele. 

2 - Para o efeito do disposto no número anterior, entende-

-se por ‘obra de arte original’ qualquer obra de arte gráfica

ou plástica, tal como quadros, colagens, pinturas, desenhos,

serigrafias, gravuras, estampas, litografias, esculturas, ta-

4 Lei 5.988/73

"Art. 39. O autor, que alienar obra de arte ou manuscrito, sendo originais ou direitos patrimoniais sobre obra in-

telectual, tem direito irrenunciável e inalienável a participar na mais-valia que a eles advierem, em benefício do

vendedor, quando novamente alienados.

§ 1º Essa participação será de vinte por cento sobre o aumento de preço obtido em cada alienação, em face da

imediatamente anterior.

§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo quando o aumento do preço resultar apenas da desvalorização da moeda,

ou quando o preço alcançado foi inferior a cinco vezes o valor do maior salário-mínimo vigente no País."