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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 74, p. 98 - 107. 2016

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Esculturas: Passado,

Presente e Sequência

Gustavo Martins de Almeida

Advogado formado pela PUC-RIO, com atuação na

área de direito autoral e do entretenimento, e res-

ponsabilidade civil; Mestre em Direito pela UGF,

Doutorando na UVA, membro da Comissão de Direi-

to Autoral da OAB-RJ e do Conselho Deliberativo do

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Indagado sobre como conseguira esculpir a “Pietá” (ou “Davi”, as

versões variam), a partir de um bloco de

mármore

, Michelangelo teria

dado a famosa resposta: “Ela já estava lá; 

eu só tirei o excesso

”. O cres-

cente mercado contemporâneo de arte, principalmente esculturas, a li-

mitação numérica dos exemplares, a legislação estrangeira e brasileira es-

pecífica sobre o tema e o direito de sequência são os temas deste artigo.

O mercado de artes experimenta fase de grande crescimento no Brasil e

faz-se necessário o conhecimento das regras existentes – e aquelas faltan-

tes – para melhor regulamentar o setor, sem interferir na sua autonomia.

DOIS TIPOS DE ESCULTURAS

Basicamente a história registra dois tipos de esculturas, em relação

à sua reprodutibilidade. A de materiais que geralmente permitem a con-

fecção de um só exemplar, como mármore e madeira, e aquelas que, por

se originarem de um molde, ou de um projeto, podem ser reproduzidas

facilmente, como os bronzes de Rodin e Giacometti, no primeiro caso, e os

móbiles de Calder, na segunda hipótese.

Com relação aos “bronzes”, chama atenção a arte dos fundidores,

que remonta à antiguidade e consiste na confecção e montagem do mol-

de, “recheio” com bronze, basicamente uma liga de cobre e estanho, que

gera a escultura. Há toda uma técnica que evita bolhas de ar na base da

escultura, fidelidade ao molde original, durabilidade, etc. e permite a pro-