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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 73, p. 84 - 97, mai. - jun. 2016

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dos próprios núcleos poderiam ser flexibilizados. Tal fato não torna a situ-

ação menos preocupante, pois retoma o prisma da sorte da paciente. Ora,

se a paciente encontrasse de pronto um desses funcionários, receberia a

informação, se não, seria outro o destino, e em qualquer dos casos sim-

plesmente retornaria ao hospital, efetivando a decisão.

Em entrevistas e questionamentos a 04 (quatro) Defensores do nú-

cleo criminal da Defensoria, apenas um deles sabia amplamente sobre o

processo de atendimento no Instituto Fernandes Figueira, especificamen-

te, e até qual seria o núcleo especializado competente para a matéria,

o NUDEDH. Apesar do desconhecimento quanto ao tema e a decisão,

não se notam visões tidas como engessadas ou tradicionalistas pelos de-

mais. Não passa a sensação de se tratar de uma invisibilização voluntária

do tema, posto que unanimemente defenderam a descriminalização do

aborto, resta claro que falta diálogo entre os ramos de especialização dos

núcleos e trocas entre eles.

No NUDEDH, núcleo que conhecia pormenorizadamente a decisão

e os diálogos sociais até que se chegasse a ela, outra informação relevante

apresentada trata do corte sócioeconômico das pessoas que buscam as-

sistência jurídica junto à Defensoria nesses casos. Mesmo com a limitação

para os cidadãos que não possuem condições financeiras de arcar com

os custos de um advogado particular, reiterou-se que até pessoas mais

abastadas buscavam auxílio nesse caso. Por ser um tema muito especí-

fico e dificilmente trabalhado por advogados e escritórios de advocacia,

pessoas com boas condições financeiras buscavam informação e auxílio

quando se tratava de aborto de fetos anencéfalos, segundo os relatos dos

profissionais do núcleo, o que não deixa de reiterar o fator sorte ou a

oportunidade de buscas das pacientes envolvidas.

Já no que toca ao Instituto Fernandes Figueira, desde as primei-

ras entrevistas no setor de assistência social até os diálogos com a junta

médica responsável pelos diagnósticos, ficou evidente o quanto o com-

prometimento com pesquisa e participação acadêmica fazem diferença

na concretização de direitos, desde o princípio as pesquisadoras foram

informadas de que a FIOCRUZ desenvolve um projeto chamado “Sala de

Convidados”, com especialistas comentando assuntos relevantes através

do “Canal Saúde”

12

. Portanto, não apenas a decisão se mostrou conheci-

da, como esperada e acompanhada, além de comentada em portal digital,

pretendendo dar conhecimento público ao tema.

12 Disponível em:

http://www.canal.fiocruz.br/programa/index.php?p=Sala-de-Convidados.