

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 73, p. 38 - 54, abr. - jun. 2016
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para os traficantes, em sua maioria imigrantes, e também o estereótipo
de dependência a qualquer usuário de drogas.
Del Olmo (1990, p. 33) destaca que, no final da década de 1960,
cresce de forma significativa o consumo e produção de drogas, tanto ile-
gais como legais, através da indústria farmacêutica presente nos países
desenvolvidos, especialmente nos Estados Unidos. Surgem nesse período
diversas drogas psicodélicas, como ecstasy, LSD. O consumo da maconha
também aumenta nesse período, não se restringindo mais a algumas par-
celas marginalizadas da população, mas sendo consumido por jovens de
classe média e alta dos Estados Unidos.
Diversas drogas são comercializadas no território norte-americano
no final da década de 1960 e início da década de 1970, no entanto, cabe
ressaltar a heroína que passa a ser tratada como “inimigo público”, res-
ponsável pelos danos sociais causados à classe média daquele país. A
heroína passa a ser a principal ameaça à ordem social, decorrente do au-
mento da criminalidade associada a esse produto, devido à manutenção
da dependência. Grande parte dessa heroína provinha de outras regiões
do mundo, fato que proporcionou a emergência de empreendedores mo-
rais cujo objetivo era internacionalizar o combate a algumas drogas, como
a heroína, a cocaína, entre outras. Como destaca Del Olmo (1990):
Com o consumo de heroína se elimina, em matéria de se-
gurança, o inimigo interno, mas começa a surgir no come-
ço dos anos setenta a discussão sobre o inimigo externo,
referindo-se particularmente ao tráfico. Era a forma de res-
ponsabilizar pelo consumo de drogas no “Mundo Livre” um
país então inimigo; discurso que se difundiria rapidamente
em outros na mesma época com grande intensidade.
(DEL
OLMO, 1990, p. 41)
Grande parte da preocupação internacional referente ao consumo
de drogas provinha da ascensão do capitalismo financeiro conduzido pe-
los Estados Unidos. As drogas passam a ser um fenômeno de mercado
que, embora ilícito, movimentava quantias significativas de capital. Fou-
cault (2008) destaca que até a década de 1970 o esforço do governo era
para essencialmente reduzir a oferta de droga. No entanto, algumas polí-