Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  40 / 256 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 40 / 256 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 73, p. 38 - 54, abr. - jun. 2016

40

parte dessas substâncias nos estabelecimentos farmacêuticos e drogarias,

como exemplo o ópio, morfina, heroína, cocaína,

cannabis

, dentre outras.

Como destaca Carneiro (1993, p. 41), foi com a utilização desses medica-

mentos que se procedeu a uma verdadeira transformação na eficácia da

medicina, desde então, ampliando a legitimidade de seus discursos.

Apesar de as prescrições serem legitimadas e validadas pela ciência

médica da época, o uso abusivo de algumas substâncias surtiu efeitos in-

desejados e imprevistos, ocasionando inúmeros problemas de saúde aos

seus consumidores. Sendo assim, muitos medicamentos começaram a ser

receitados e comercializados com certa atenção, como a morfina, cujo

consumo recorrente acaba ocasionando a dependência química, assim

como a heroína, que posteriormente fora substituída pela cocaína.

Em 1862 o químico alemão Albert Niemann sintetiza pela primeira

vez a cocaína, esta sendo recomentada como substituto à heroína, que

ocasionava quadros de dependência química de maneira mais rápida que

a morfina. A cocaína foi bastante aceita pelos profissionais de saúde, po-

dendo ser prescrita como anestésico, antídoto para a prostração nervosa,

aneurismas, entre outras patologias. Entre os adeptos do consumo de co-

caína estava Sigmund Freud, que recomendava aos pacientes o consumo

com o intuito de auxiliar os tratamentos psicológicos; no entanto, após

alguns de seus pacientes apresentarem quadros de dependência química,

vindo um deles a óbito por overdose, Freud deixa de consumi-la e pres-

crever cocaína no final da década de 1890, partindo para outro campo de

investigação cientifica, que originou sua teoria psicanalítica.

No início do século XX, diversos laboratórios farmacêuticos loca-

lizados na Alemanha, Holanda e Japão foram responsáveis pelo aumen-

to do consumo de cocaína no mundo entre as décadas de 1910 e 1940.

Sem a existência de leis específicas para restringir a produção de cocaína,

tais laboratórios prosseguiram na produção, principalmente após

conseguirem aclimatar a planta de coca nos biomas de Java e Taiwan, o

que propiciou o barateamento do custo de produção da cocaína, antes

importada do Peru e da Bolívia. Parte dessa cocaína era consumida nos

bares europeus, assim como outras drogas como ópio e álcool. Esse cos-

tume passa a ser incorporado no Brasil por volta de 1910.

O consumo de ópio, morfina, cocaína e éter foi divulgado pela im-

prensa brasileira no período como hábito importado da Europa. No en-

tanto, segundo Rosa (2012), os casos alardeados pela imprensa brasilei-