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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 72, p. 27 - 40, jan. - mar. 2016

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to e por sua preferência por falar antes com a psicóloga da

equipe para que pudessem agendar em data mais proveito-

sa. Dessa forma, deixamos o nosso contato e agradecemos.

Mais tarde, naquele mesmo dia, recebemos uma ligação da

psicóloga nos explicando que, infelizmente, não poderia au-

torizar o nosso acompanhamento aos atendimentos por con-

ta do “Código de Ética do Psicólogo”. Assim, aconselhou-nos

a entrar em contato com a defensora para que pudéssemos

acompanhar o atendimento da Defensoria.

(Analista)

Outras pesquisas empíricas na área das Ciências Humanas e Sociais

narram dificuldades semelhantes, bem como dão conta de demonstrar os

inúmeros obstáculos ao acesso à Justiça ainda não superados. Sucintamen-

te, podemos identificar certos aspectos físico-estruturais (como o grande

número de processos, poucos Juizados, escassa infraestrutura, número re-

duzido de profissionais, atmosfera inóspita, etc.), características histórico-

-culturais (como a diferença entre cultura jurídica oficial e cultura jurídica

popular, a permanência de um padrão patriarcal de interpretação dos con-

flitos, os casos de culpabilização da própria vítima, a tendência ao discur-

so de proteção da “família”, linguajar tecnicista etc.) e problemas político-

-legais (como a escassez do trabalho em Rede, a falta de visão da atividade

judicante como integrada a um projeto maior de Política Pública, a ausência

de capacitação qualitativamente condizente com este mesmo projeto, a le-

gislação antiga e contraditória, a falta de implementação de condições para

o cumprimento da Lei Maria da Penha na integralidade etc.).

Como se vê, problemas nos Juizados são muitos, variados e expres-

sivos. Infelizmente, é uma história que se repete, por não ser uma falta

exclusiva dos Juizados da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

Essa antiga problemática é inerente ao sistema judiciário brasileiro. E tão

antigos são também problemas físico-estruturais. Por mais que os Tribu-

nais de Justiça façam investimentos em obras de infraestrutura, a falta de

espaço físico parece uma constante em muitos Juizados, sobretudo nas

instalações das Defensorias Públicas, que nem sempre são contempladas

com melhorias.

Como consequência dessa estrutura encontrada, a falta de uma es-

cuta humanizada e privativa foi detectada na maioria dos Juizados nos

quais realizamos visitas. No Juizado “E”, por exemplo, a pouca quantidade