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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 72, p.140 - 167, jan. - mar. 2016

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cuja recomendação está centrada em impulsionar os processos judiciais

em tramitação. Em novembro de 2003, peritos da agência das Nações

Unidas contra a droga e crimes apresentaram um informe sobre a Cidade

de Juarez e Chihuahua, México.

18

Neste informe consta que existe grande

responsabilidade do Estado na omissão das investigações desses crimes e

nos processos judiciais.

Durante 10 anos mais de 320 mulheres foram assassinadas na Ci-

dade de Juarez segundo fontes oficiais.

19

No entanto, as organizações

da sociedade civil afirmam que o número passa de 359. Antes de serem

mortas, as vítimas foram sequestradas, sofreram violência sexual e foram

torturadas. Os corpos dessas mulheres foram encontrados com sinais de

extrema violência e alguns mutilados.

Na Cidade de Juarez, os feminicídios têm características diferencia-

das: as mulheres foram vítimas de extrema violência, sofrerammutilações

e foram estupradas antes de morrerem. Estas características denotam

a misoginia da sociedade e seus algozes, na sua maioria, eram pessoas

desconhecidas das vítimas (feminicídio não íntimo). Conhecida como a

cidade que odeia mulheres, Juarez vive essa situação porque lá os papéis

tradicionais se inverteram: as mulheres têm mais facilidade de arranjar

emprego nas “maquiladoras”.

“As forças de mudança que desafiam os próprios fundamen-

tos do machismo, embora permitam que em longo prazo as

mulheres possam superar a discriminação estrutural, podem

também exacerbar a violência de gênero e o sofrimento das

mulheres em curto prazo. A incapacidade machista dos ho-

mens de desempenhar papel distinto da função tradicional

de provedor da família conduz ao abandono familiar, à ins-

tabilidade das relações, ao alcoolismo e à violência contra as

mulheres.”

(Relatório sobre Violência da Mulher, 2002, ONU).

Estas características também denotam o alto grau de ódio e a ne-

cessidade de externar o domínio sobre a vítima. No âmbito doméstico,

18 Alarmantes son las expresiones de violencia de género contra las mujeres en las 32 entidades del país. Para

situar el grave problema de la violencia contra las mujeres en la escala nacional, las estadísticas mencionan que “en

México más de seis mil niñas y mujeres fueron asesinadas de 1999 al 2005, en promedio murieron 4 mujeres diario”.

Otro dato alarmante es el siguiente: “1088 mujeres fueron asesinadas de junio de 2006 a julio de 2007. Alarmante

aumento de la violencia contra mujeres” Disponible en

http://wwwlacrisis.com.mx/mujeres03

,06,05.htm. Acesso

em 21/02/2012.

19 Dados obtidos do Informe do México produzido pela CEDAW.