

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 72, p.140 - 167, jan. - mar. 2016
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as novas sociedades, instruindo-as na linha adequada para que a pari-
dade ocorra. E o mais importante é que que essa formação e instrução
se dirija sem distinção a homens e mulheres. Após anos de opressão, a
mulher passa de forma bastante lenta a ocupar o seu espaço na sociedade
machista e patriarcal, impulsionada pelo movimento feminista. Assim, o
feminismo, enquanto movimento social, está vinculado às ideias de ilumi-
nismo das Revoluções Francesa e Americana.
No Brasil, a luta pelo direito ao voto iniciou-se em 1910, com a fun-
dação do Partido Republicando Feminino, no Rio de Janeiro, por Deolinda
Daltro, assim como em 1919, com a criação da Liga pela Emancipação
Intelectual da Mulher, por Bertha Lutz, a qual foi transformada, em 1922,
na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. O direito ao voto apenas
foi contemplado pela Constituição Brasileira de 1934.
Com o passar do tempo, o movimento feminista foi mudando suas
características e deixou de se preocupar apenas com o direito ao voto, e
passou a se preocupar com outras questões do universo feminino. Essa
nova posição se intensificou a partir dos anos 70 com a denúncia de casos
de violência doméstica e familiar contra as mulheres.
Um dos casos de maior repercussão nacional foi o assassinato
de Ângela Diniz, em 30 de dezembro de 1976, por seu namorado, Doca
Street, após o rompimento da relação por parte da vítima, o que causou
grande comoção social. No primeiro julgamento, o acusado foi absolvi-
do pela tese da legítima defesa da honra. Com essa decisão da justiça,
o movimento feminista começou a mobilizar a sociedade, reinvidicando
o fim da violência contra a mulher, com o
slogan
“quem ama não mata”,
referindo-se a declaração de Doca Street de que teria “matado por amor”.
A acusação recorreu da decisão e o caso teve novo julgamento em 1981 e
Doca Street foi condenado a 15 anos de prisão.
... movimento feminista tem um importante papel em impul-
sionar uma agenda política favorável às questões da mulher. Nesse
aspecto, Saffioti ( 2001) destaca que:
"A literatura sobre violência contra as mulheres tem suas
origens no início dos anos 80, constituindo uma das princi-
pais áreas temáticas dos estudos feministas no Brasil. Esses
estudos são fruto das mudanças sociais e políticas no país,
acompanhando o desenvolvimento do movimento de mulhe-