

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18,n. 68, p. 178-216, mar. - mai. 2015
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Conforme assinala Cassio Scarpinella Bueno, “o trânsito em julgado
que autoriza a execução contra a Fazenda Pública só pode ser o dos em-
bargos à execução, superados, pois os processo de conhecimento e o de
eventual liquidação”
26
.
Por esta razão, os embargos devem ser recebidos no efeito suspen-
sivo, pois sem o trânsito em julgado da decisão
27
, não se admite a expedi-
ção do precatório ou requisição de pequeno valor.
Assim, o trânsito em julgado a que se refere o §5º do art. 100 da
Constituição Federal é o da sentença que julgar os embargos à execução,
pois o valor a ser incluído no orçamento deve ser definitivo, não se admi-
tindo que alteração superveniente do julgado venha a modificar a inscri-
ção no orçamento, à luz do princípio da responsabilidade fiscal.
3.3. A natureza jurídica do procedimento de requisição de precatório
Em execução proposta contra a Fazenda, a atividade judicial extin-
gue-se com a expedição do ofício requisitório pelo juízo de origem à Pre-
sidência do Tribunal de Justiça a que está vinculado.
A atividade de processamento do precatório possui natureza admi-
nistrativa, conforme já se manifestou o Supremo Tribunal de Justiça pelo
enunciado de súmula 311 (
Os atos do presidente do tribunal que dispo-
nham sobre processamento e pagamento de precatório não têm caráter
jurisdicional.
). Dentre as consequências desta natureza administrativa,
observa-se que das decisões do Presidente do Tribunal, quando na organi-
zação e regularização do precatório, não se admite recursos aos Tribunais
Superiores, uma vez que se trata de ato administrativo (Súmula 733 do
STF:
Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no proces-
samento de precatórios
.)
Desta forma, havendo erro quanto aos valores ou impugnação de
26 BUENO, Scarpinella Bueno. "Execução por Quantia Certa contra a Fazenda Pública uma proposta atual de Sistematiza-
ção".
In:
Sergio Shimura e Teresa Arruda AlvimWambier (org.).
Processo de Execução
. São Paulo: RT, 2001, p. 140-141.
27 PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. APELAÇÃO RE-
CEBIDA NO DUPLO EFEITO. EC 30/2000. IMPOSSIBILIDADE. 1. De acordo com o art. 730 do CPC, e ante a alteração
promovida no art. 100, § 1º, da CF pela EC 30/2000, é inviável a Execução Provisória contra a Fazenda Pública. Tal
dispositivo determina que devem ser incluídos nos orçamentos anuais apenas os precatórios referentes a sentenças
condenatórias transitadas em julgado. Precedentes do STF e do STJ. 2. Hipótese em que a Apelação interposta pelo
INCRA contra a sentença que julgou os Embargos à Execução foi recebida no efeito devolutivo e suspensivo. Portanto,
inexistem valores incontroversos que possam ser objeto de Execução Provisória. 3. Agravo Regimental provido. (AgRg
no Ag 1057363/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/03/2009, DJe 23/04/2009)