Background Image
Previous Page  476 / 590 Next Page
Basic version Information
Show Menu
Previous Page 476 / 590 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 467 - 487, jan - fev. 2015

476

grupos sociais, além de considerar as correspondentes reivindicações por

redistribuição. Por exemplo, a integração da perspectiva de gênero nas re-

formas da justiça é uma estratégia essencial neste esforço

19

. Se o sistema

de justiça visa a ter credibilidade e legitimidade aos olhos da comunidade,

deve, para tanto, agregar mecanismos de participação e atuar responsi-

vamente frente às expectativas de segmentos da sociedade que buscam

reconhecimento e ou redistribuição.

Além das políticas de reconhecimento, no referido seminário

comentava-se também a questão da celeridade, da transparência, dos

números – quanto custa a justiça? Mostrava-se a visão economicista do

sistema de justiça. A análise interdisciplinar propiciou também outras

abordagens, sendo então notada a oportunidade de enfrentar o déficit

democrático

20

do referido sistema e aperfeiçoar as transformações estru-

turais necessárias com vistas a assegurar direitos. Alinhavaram-se, então,

proposições orientadas a afastar o renitente quadro de pouca permea-

bilidade do sistema às demandas por políticas de matiz responsivo, com

ênfase na participação social e

accountability

21

. Abordava-se a justiça

como serviço público. Essa dimensão muitas vezes obscurecida por outras

dimensões da justiça, como valor e poder, deveria pontuar a condução

de processos políticos relacionados à reforma da justiça. Sendo assim, ao

se focar a realidade brasileira e analisar a tipologia das agencias estatais,

conclui-se que à Defensoria Pública, por sua missão constitucional, cabe-

ria facilitar e ampliar esse debate.

À mesma época do mencionado seminário, ocorria a reforma da

justiça em muitos países da América Latina, inclusive no Brasil. Levanta-

vam-se dados concernentes à organização e aos serviços realizados nos

correspondentes setores públicos de países do continente. No Brasil, a

Secretaria da Reforma do Poder Judiciário, órgão do Ministério da Justiça

19 Ver documento preparado por

United Nations International Research and Training Institute for the Advancement

of Women (UN-INSTRAW)

para apresentar a ferramenta "Gender and SSR Toolkit: Justice Reform and Gender: Tool 4

(UN), UN-INSTRAW".

In :

Justice Reform and Gender.

2008. Disponível em

http://www.peacewomen.org/portal_re-

sources_resource.php?id=1276. Acesso em 16 fev. 2014.

Também, PASTOR, Santos; ROBLEDO, Jesus.

Experiencias y Buenas Prácticas en Gestión de Calidad de la Justicia, In-

formación y Transparencias y Atención al Ciudadano.

Capitulo I. Informe FIIAPP. PROYECTO EUROSOCIAL-JUSTICIA.

2007, p. 45. Disponível em

http://justicia.programaeurosocial.eu/datos/documentos/estudios/1169206528.pdf.

Acesso em 16 de fev. 2014.

20 Ver em SANTOS, Boaventura de Sousa.

Pela Mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade

. 9ª ed. São

Paulo: Cortez, 1995, p. 180; O’DONNELL, Guillermo.

Disonancias: críticas democráticas a la democracia.

Buenos

Aires: Prometeo, 2007, p. 74.

21 CAMPOS, Ana Maria. "

Accountability

: quando poderemos traduzi-la para o português?"

Revista de Administra-

ção Pública

, Rio de Janeiro, v. 24, nº 2, 1990.