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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 467 - 487, jan - fev. 2015

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rante o I Seminário Direito, Pesquisa e Movimentos Sociais, ocorrido na

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, em abril de 2011

30

. É

sabido que as paixões movimentam as ações políticas e não foi de outro

modo que se conseguiu em um dado momento mobilizar amplo espectro

de forças políticas para a instalação e permanência do Fórum Justiça.

5. ASPECTOS DA REFORMA DA JUSTIÇA NO BRASIL

A Emenda Constitucional nº 45/2004, de 30 de dezembro de 2004,

deu início a transformações importantes no sistema de justiça. Ao conjunto

dessas transformações a literatura especializada tem chamado de Reforma

da Justiça e, por vezes, de Reforma do Poder Judiciário. Esta última denomi-

nação sugere a centralidade do Poder Judiciário no interior do sistema de

justiça, Poder que se mostrou, por longo período, refratário às transforma-

ções exigidas pelo Estado Democrático de Direito instalado no país.

A Reforma da Justiça apresenta dificultoso percurso. Tanto no pe-

ríodo marcado pela convocação da Assembleia Nacional Constituinte,

quanto após a promulgação da Constituição de 88, foram debatidos vários

projetos que visavam a mudanças estruturais nas instituições integrantes

do sistema de justiça. Porém, poucos tiveram êxito

31

. Foram necessários

doze longos anos de tramitação do mencionado projeto no Congresso

Nacional, com idas e vindas, para a implantação da Reforma

32

. A moro-

sidade desse processo legislativo espelha a complexidade do Judiciário e

realça suas características intrínsecas: hermético, ambíguo e refratário a

mudanças

33

. Essas características deixariam transparecer a simetria exis-

tente entre a estrutura e lógica operativa do Judiciário com a das Forças

30 Este seminário foi o primeiro que consolidou o propósito de se criar o Instituto de Pesquisa em Direitos e Movi-

mentos Sociais -IPDMS, ideia que ganhou corpo durante o II Seminário de Direito, Pesquisa e Movimentos sociais,

ocorrido na cidade de Goiás, em abril de 2012.

31 Nesse sentido ver FALCÃO, Joaquim.

Estratégias para a Reforma do Judiciário.

Disponível em:

http://academico.

direitorio.fgv.br/ccmw/images/c/cf/Estrat%C3%A9gias_para_a_Reforma_do_Judici%C3%A1rio_-_Livro_Sergio_Re-

nault.pdf. Acesso em 23 fev. 2014.

32 Sobre o histórico legislativo da Reforma da Justiça ver o apanhado feito por SANTOS, André Gambier. "Sistema de

Justiça no Brasil: Problemas de Equidade e Efetividade" (texto para discussão |1328, fev. 2008). Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada – IPEA, p. 28-30. Disponível em:

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_conten

t&view=article&id=4879&catid=306. Acesso em 22 fev. 2014.

33 Para Koerner, esse processo foi “marcado pela continuidade dos quadros políticos e burocráticos, bem como dos

modelos de administração pública”. KOERNER, Andrei. "O debate sobre a reforma do Judiciário".

In

:

Novos Estudos:

publicação quadrimestral.

São Paulo: Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), n. 54, jul 1999, p. 12-13.