

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 442 - 452, jan - fev. 2015
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“A revolução está viva e não retrocede. Tem promovido re-
formas e vai continuar a empreendê-las, insistindo patrio-
ticamente em seus propósitos de recuperação econômica,
financeira, política e moral do Brasil. Para isto precisa de
tranqüilidade. Agitadores de vários matizes e elementos da
situação eliminada teimam, entretanto, em se valer do fato
de haver ela reduzido a curto tempo o seu período de indis-
pensável restrição a certas garantias constitucionais, e já
ameaçam e desafiam a própria ordem democrática (...).”
Com a força toda, vem o ato institucional nº 5, de 13 de dezembro
de 1968 a dizer que:
“CONSIDERANDO que, assim, se torna imperiosa a adoção de
medidas que impeçam sejam frustrados os ideais superiores
da Revolução, preservando a ordem, a segurança, a tranqui-
lidade, o desenvolvimento econômico e cultural e a harmonia
política e social do País comprometidos por processos subver-
sivos e de guerra revolucionária; CONSIDERANDO que todos
esses fatos perturbadores da ordem são contrários aos ideais
e à consolidação do Movimento de março de 1964 (...)”
Qualquer semelhança não é mera coincidência. Não foi por acaso
que no apêndice VII ao anexo C, da portaria do Ministério da Defesa, que
trata das “operações psicológicas” que consistem, segundo o artigo 2, em
“cooperar com o fortalecimento do moral das forças componentes, in-
fluenciar favoravelmente a população, contrapor-se à propaganda adver-
sa e operar contra as forças adversas em apoio às ações decorrentes dos
cenários previstos no plano de operações”, que no quadro de sugestões
do que pode ser usado pelas forças armadas como slogan nessa campa-
nha ou operação psicológica esteja lá: “
fizemos ontem, faremos sempre
”.
No Rio de Janeiro, esse projeto político de estado policial em defesa
dos megaeventos apresenta-se em público já sem timidez. O secretário de
segurança José Mariano Beltrame disse tudo ao afirmar em entrevista ao
jornal
O Globo
que: