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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 419 - 434, jan - fev. 2015

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gressismo o ignoraram. Não há mais dúvidas de que esse projeto desenvol-

vimentista se foi. Defendê-lo agora é tão idealista quanto o idealismo que

imputam aos seus críticos, supostos loucos que não se quedam à

realidade

.

A questão deixa de ser,

a priori

, qual sacrifício que precisamos co-

meter aqui-agora em nome do futuro para tornar-se a ação desesperada

em não perder o que se conquistou e, até mesmo, o que se conquistará.

Os megaeventos como ponto de honra, de uma honra que não mais há. A

partir daqui, não é mais possível nos orientarmos por um realismo maior,

uma vez que é a própria concepção de mundo de acordo com a cabeça do

Rei. E as cabeças dos reis são sempre neuróticas, uma vez que a benção de

serem mais legítimas que as dos comuns é acompanhada, não por acaso,

da maldição de poderem rolar da pior forma possível a qualquer minuto.

Como índios, é preciso nos livrarmos da Lei e do Rei, dos negócios e dos

contratos. É preciso embarcar em uma aventura na qual a paz se faz entre

homens livres, pelo amor e não pela falsidade de uma guerra permanente

e unilateral.

Sem nomes, sem rostos: na imanência.