

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 419 - 434, jan - fev. 2015
419
A Brecha de Junho Está Aberta:
Aprofundar a Democracia
Giuseppe Cocco
Professor titular da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Doutor em História Social pela Université de
Paris I (Pantheon-Sorbonne); graduado em Ciência
Política pela Université de Paris VIII e pela Università
degli Studi di Padova.
Hugo Albuquerque
Membro da Universidade de Nomade.
A proposta de escrever esse artigo veio a partir dos debates sobre
o movimento de junho de 2103, que aconteceram em novembro, em oca-
sião do seminário “Construindo o Comum”. Desde então, aos debates e
polêmicas sobre as significações movimento de junho se juntaram mais
dois desdobramentos: a polarização em torno da questão da Copa (entre
o #nãovaitercopa e o #vaitercopa) e a multiplicação dos “rolezinhos”. A
esses dois desdobramentos, poderemos juntar a crise da penitenciária do
Maranhão e também as prisões de dirigentes petistas em Papuda.
Tudo isso dá ainda mais força e acreditamos também ainda mais
interesse às reflexões que queríamos propor aqui. Nossa reflexão é orga-
nizada em três momentos: (1) o debate sobre junho, a violência e a paz;
(2) a perspectiva da Copa na virada do ano; (3) os “rolezinhos”.
Em junho de 2013, findou-se o ciclo político-institucional aberto
pela transição da ditadura à democracia: esse ciclo sempre foi governa-
do pelas elites e tinha (ainda tem) em seu cerne o PMDB (por um bom
momento foi o PFL e é só ver a trajetória de muitos líderes do PMDB
para apreender o funcionamento desse “bloco do biopoder”), teve como
marco formal a Constituição de 1988 e sua constituição material foi pre-
enchida pela domesticação do “novo sindicalismo”. Junho decretou seu