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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 39 - 53, jan - fev. 2015

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“Pai Terrível”, Submissão ao

Poder Autoritário Estatal e a

Velha História de Sempre

Antonio Pedro Melchior

Mestre em Direito. Professor de Processo Penal da

EMERJ e do IBMEC- RJ. Membro do Núcleo de Direi-

to e Psicanálise do Programa de Pós-Graduação da

Universidade Federal do Paraná. Membro do Fórum

Permanente de Direito e Psicanálise da EMERJ. Advo-

gado Criminalista.

Introdução

Totem e tabu

é feito para nos dizer que, para que os pais subsis-

tam, é preciso que o verdadeiro pai, o pai singular, o pai único, esteja an-

tes do surgimento da história, e que seja o pai morto. Mais ainda: que seja

o pai assassinado. (...) Por que é preciso que os filhos tenham, de certa

forma, antecipado a sua morte? E tudo isso com que fim? Para, afinal de

contas, interditarem a si mesmos o que se tratava arrebatar a ele. Não o

mataram senão para mostrar que ele é incapaz de ser morto”

1

.

Lacan,

in

O Seminário

, Livro 4.

Os ensinamentos de Freud, retomados por Lacan, produzem um

esburacamento na forma com que o sujeito é concebido. Mas, para além

da escuta que produz sobre si, o “saber que não se sabe”

2

modifica a com-

preensão dos fenômenos sociais, desvelando a maneira com que o poder

1 LACAN, Jacques.

O Seminário,

Livro 4

:

relação de objeto. Rio de Janeiro: Zahar, 1995, p. 215.

2 “

Édipo sabe sem saber que sabe

, ao mesmo tempo em que age movido pelo desconhecimento ativo desse saber.

Tal saber permanecia recalcado em Édipo, que não queria saber nada disso, fórmula por meio da qual Lacan define

o recalcamento: ‘O inconsciente é o testemunho de um saber, no que em grande parte ele escapa ao ser falante’”.

JORGE, Marco Antonio Coutinho.

Fundamentos da Psicanálise

:

De Freud a Lacan.

A clínica da fantasia. V. 2. Rio de

Janeiro: Zahar, 2010, p. 188