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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 356 - 375, jan - fev. 2015

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Por isso, sem desmerecer a grande importância da teoria, obviamen-

te, é necessário que se compreenda que o marxismo é uma filosofia da

ação; da práxis; das utopias; da transformação. Esse materialismo, no

qual tudo o que existe depende das condições materiais, está inserido

no materialismo marxista – um materialismo

dialético

e

histórico

– evi-

dente herança e modificação do pensamento idealista hegeliano.

O método dialético se pauta no

conflito

. No capitalismo existe uma

enorme oposição entre os que detêm o capital e aqueles que só dispõem

de sua

força de trabalho

. Eis o cerne da dialética existente no capitalismo;

eis o grande gerador de injustiças materializado na exploração do traba-

lho e na acumulação de capital promovidos pela propriedade privada dos

meios de produção. Esse conflito não tem solução (pasmem, os refor-

mistas) enquanto essa contradição se mantiver; enquanto esse modo de

produção subsistir. O modelo dialético propõe que essas duas forças em

conflito, em um determinado momento da história, se destruam, chegan-

do à síntese –

tudo o que é sólido se desfaz no ar

. Lembremos sempre do

comentário de Alysson Mascaro:

“É bom ressaltar que a síntese não é o meio termo entre as

oposições da tese e da antítese. Não é o aumento do salário do

trabalhador que fará a superação do capitalismo. Os aumen-

tos de salário são, ainda, uma forma de manutenção do mes-

mo padrão de contradição capitalista; a síntese é a superação

total dessa contradição, e, portanto, o surgimento do novo. A

superação aponta para novas formas de arranjo e organização

social, novas dialéticas, mas nunca aquelas já passadas.”

17

Partindo do materialismo dialético, de Marx, podemos compreen-

der o materialismo histórico. Se, para Marx, a história não se faz nas cons-

ciências dos indivíduos - nas ideias – ela se encontra nas bases produtivas;

na estrutura econômica da sociedade. É na realidade produtiva que a his-

tória é feita. Como aponta Marx:

“O primeiro ato histórico é, pois, a produção dos meios para

a satisfação dessas necessidades [comida, bebida, moradia,

vestimenta], a produção da própria vida material, e este é,

sem dúvida, um ato histórico, uma condição fundamental de

toda a história, que ainda hoje, assim como há milênios, tem

17 MASCARO, Alysson.

Lições de sociologia do direito.

2ª. Edição. São Paulo: Quartier Latin, 2009, p. 101.