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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 231 - 242, jan - fev. 2015

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Modernidade, Intolerância e

Mídia: Reflexos na Propaganda

pelo Autoritarismo do Judiciário

André Augusto Salvador Bezerra

Juiz de Direito em São Paulo. Membro da Associação

Juízes para Democracia (AJD). Mestre pelo Programa

de Pós-Graduação em Integração da América Latina

da Universidade de São Paulo (PROLAM/USP) e dou-

torando pelo Núcleo de Estudos das Diversidades, In-

tolerâncias e Conflitos da Universidade de São Paulo

(DIVERSITAS/USP).

1. Introdução

Os conflitos sociais que se intensificam no Brasil nesse início de sé-

culo têm servido de justificativa para que as empresas de comunicação

cobrem do Judiciário maior rigor na condução dos processos e na tomada

de decisões.

No âmbito da cobrança realizada, tem-se exigido que os juízes de

direito menosprezem garantias essenciais ao Estado Democrático de Di-

reito. O respeito à integridade física dos presos, as reivindicações de movi-

mentos sociais e a própria vigência dos direitos humanos em seu conjunto

são divulgados como fatores de manutenção ao que as empresas midiáti-

cas consideram por impunidade e desordem existentes no país.

O presente trabalho sustentará que, por trás da defesa de instru-

mentos autoritários de punição pelo Judiciário, há o papel ideológico

exercido pela mídia em favor da

modernidade capitalista

. Para isso, será

levada em conta a histórica intolerância das elites do sistema econômico

ao que consideram obstáculo à expansão do mercado e o consentimento

social aos interesses dos grupos dominantes, obtido, em considerável par-

cela, pela propaganda divulgada pelos meios de comunicação.