Background Image
Previous Page  95 / 312 Next Page
Basic version Information
Show Menu
Previous Page 95 / 312 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n. 66, p. 93 - 113, set - dez. 2014

95

Hodiernamente, adota-se a denominada

Arbitragem Institucional

2

,

consistente na adoção de câmaras especializadas, as quais por meio da de-

cisão em colegiado poderão solucionar a controvérsia existente. Trata-se

de entidades privadas de caráter internacional, cuja atuação tem ensejado

o desenvolvimento de uma nova divisão metodológica no Direito Interna-

cional: a do denominado

Direito Transnacional

, com evolução teórica já

delineada na Europa

3

.

Outro ramo jusinternacionalista que surge sob a égide desse para-

digma é o do

Direito Internacional dos Investimentos

4

, calcado na atuação

de diversas organizações internacionais, tais como o Fundo Monetário In-

ternacional (FMI), o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvi-

mento (BIRD) e o Centro Internacional de Composição de Controvérsias de

Investimento – divisão metodológica esta que guarda íntimas relações com

o

Direito Internacional Econômico

5

, meramente tangenciado neste estudo.

em 19 de maio de 2013). No presente estudo, consideramos a arbitragem como método heterocompositivo de natu-

reza jurisdicional, e não como mero equivalente do dever-poder de julgar.

2 O método de solução das controvérsias pela via arbitral pode ser considerado sob dois aspectos: a arbitragem

ad

hoc

e a arbitragem institucional. Neste sentido, distinção realizada por Fábio Pedro Alem,

in verbis: “Na arbitragem ad

hoc, também conhecida como arbitragem avulsa, cabe às partes definir as regras aplicáveis ao procedimento e à arbi-

tragem, bem como as normas para a sua administração, cabendo ainda escolherem, de comum acordo, os profissionais

que participarão da arbitragem. É possível que se escolham regras procedimentais já existentes, ou a criação de regras

novas ou, ainda, uma mistura de regras. (…) A arbitragem institucional, por sua vez, possui uma instituição responsável

pela administração do procedimento, cujas regras já são existentes e que devem ter sido analisadas e escolhidas pelas

partes quando da elaboração da convenção arbitral”

(Cf. ALEM, Fábio Pedro. "Arbitragem".

In:

BONFIM, Edilson Mou-

genot [Org.].

Coleção Prática do Direito.

Volume 16. São Paulo: Editora Saraiva, 2009, p. 24-25).

3 Extensa se constitui a bibliografia nesta nova disciplina jurídica, pelo que não se evoluirão as considerações sobre

seu âmbito de aplicação, eis que refogem ao foco deste estudo. Destacam-se, todavia, alguns questionamentos que

estimulam seu estudo, elaborados por Roy Goode:

“The study of what has become known as transnational com-

mercial law is fraught with hazards. What do we mean by transnational commercial law? Is it the same as the lex

mercatoria or something broader? What are its sources? Can we identify general principles of commercial law and,

separately, uncodified international trade usage? If so, what happens to these principles when they become embo-

died in convention or contractually incorporated uniform rules? Do they disappear, maintain a parallel existence in

their original form or change their shape to match the convention or rules? And how far do conventions and rules

either evidence pre-existing principles and usages or influence the creation of new ones?”

(GOODE, Roy. "

Usage and

Reception in Transnational Commercial Law"

.

International and Comparative Law Quarterly

. Volume 46, questão

1, janeiro de 1997, p. 1-36). Para maior aprofundamento, cf. BERGER, Klaus Peter.

The Practice of Transnational

Law

. Áustria: Kluwer Law Press, 2002. BOGDANDY, Armin Von; MAVROIDIS, Petros C..

European Integration and

International Co-ordination:

studies in Transnational Economic Law in honour of Claus-Dieter Ehlermann.

Áustria:

Kluwer Law Press, 2002; ZUMBANSEN, Peer.

"Piercing the Legal Veil: commercial arbitration and transnational law".

European Law Journal

. Volume 8, questão 3, 2002, p. 400-432. Um dos estudos pioneiros sobre a disciplina no Brasil

foi o de BAPTISTA, Luiz Olavo.

Empresa Transnacional e Direito

. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1987.

4 Como principais obras para iniciação na disciplina, que reputamos por autônoma vez que apresenta normas de

conteúdo existente tanto em Direito Internacional Público quanto em Direito Intersistemático, cf. SUBEDI, S.

"In-

ternational Investment Law".

Guia de Estudos para a Universidade de Londres.

Reino Unido: University of London

Press, 2005; DOLZER, Rudolf; SCHREUER, Christoph.

Principles of International Investment Law.

2ª Edição. Reino

Unido: Oxford University Press, 2012; SORNARAJAH, M.

The International Law of Foreign Investment.

3ª Edição.

Reino Unido: Cambridge University Press, 2010.

5 Para maior aprofundamento nesta verdadeira “disciplina-gênero”, eis que originou posteriormente o Direito Internacio-

nal dos Investimentos, cf. MELLO, Celso Duvivier de Albuquerque.

Direito Internacional Econômico

. Rio de Janeiro: Editora