R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 63 (Edição Especial), p. 9 - 23, out. - dez. 2013
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pela atual política de drogas e restaurar o respeito público aos integrantes
das forças policiais, negativamente afetado por seu envolvimento na inú-
til, fracassada e danosa imposição da proibição às drogas tornadas ilícitas,
a LEAP, em sua origem, se inspirou em uma organização que existiu nos
Estados Unidos da América, na década de 1970 – os Veteranos do Viet-
nam contra a Guerra. Os porta-vozes da LEAP têm a mesma credibilidade
quando clamam pelo fim da “guerra às drogas”, tão nociva e sanguinária
quanto foi a guerra do Vietnam, ou quanto são quaisquer outras guerras.
Os integrantes da LEAP não incentivam o uso de drogas e têm
profundas preocupações com os danos e sofrimentos que o abuso de
drogas, lícitas ou ilícitas, pode causar. No entanto, os integrantes da
LEAP sabem que a proibição e sua política de “guerra às drogas” causam
ainda maiores danos e sofrimentos não só aos consumidores das drogas
tornadas ilícitas, como a toda a sociedade. Se as drogas são ruins, a
“guerra às drogas” é muito pior. É infinitamente maior o número de
pessoas que morrem por causa dessa nociva e sanguinária guerra do que
pelo consumo das próprias drogas.
As drogas que hoje são ilícitas, como a maconha, a cocaína, a heroína,
foram proibidas, em âmbito mundial, no início do século XX. Nos anos 1970,
a repressão aos produtores, comerciantes e consumidores dessas substân-
cias foi intensificada, com a introdução da política de “guerra às drogas”.
Essa guerra, declarada pelo ex-presidente norte-americano Richard Nixon,
nos Estados Unidos da América, em 1971, logo se espalhou pelo mundo.
Passados 100 anos de proibição, com seus mais de 40 anos de guer-
ra, os resultados são mortes, prisões superlotadas, doenças contagiosas
se espalhando, milhares de vidas destruídas e nenhuma redução na circu-
lação das substâncias proibidas. Ao contrário, nesses anos todos, as dro-
gas ilícitas foram se tornando mais baratas, mais potentes, mais diversifi-
cadas e muito mais acessíveis do que eram antes de serem proibidas e de
seus produtores, comerciantes e consumidores serem combatidos como
“inimigos” nessa nociva e sanguinária guerra.
A proibição não é apenas uma política falida. É muito pior do que
simplesmente ser ineficiente. A proibição causa danos muito mais graves
e aumenta os riscos e os danos que podem ser causados pelas drogas em
si mesmas. O mais evidente e dramático desses riscos e danos provocados