

u
DECISÕES
u
u
Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 27, p. 49-157, 1º sem. 2017
u
110
POR OUTRO LADO, NÃO SE APRESENTA LÍCITO E RAZOÁVEL QUE A INSTI-
TUIÇÃO FINANCEIRA SE APROPRIE DE QUASE TODO O SALÁRIO DE SEU
CLIENTE EM DETRIMENTO DE SUA SUBSISTÊNCIA. AFRONTA AOS PRIN-
CÍPIOS DO MÍNIMO EXISTENCIAL E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
SOBRE ESSE PONTO, CASO MANTIDA A DECISÃO NOS TERMOS EM QUE
PROFERIDA, A EFETIVIDADE JURISDICIONAL ESTARIA SENDO DESPRES-
TIGIADA, UMA VEZ QUE, EMBORA LIMITADO O DESCONTO EM FOLHA,
O AUTOR CONTINUARIA OBRIGADO A QUITAR O RESTANTE DA AVENÇA,
O QUE, CONSEQUENTEMENTE, IMPORTARIA NA INADIMPLÊNCIA AUTO-
RAL. OCORRE QUE ESSE POSICIONAMENTO É ESPANCADO PELA PRÓ-
PRIA JUSTIFICATIVA DO VERBETE Nº 200 DE SÚMULAS DESTA CORTE, O
QUAL TEM POR FINALIDADE EVITAR O DESENFREADO ENDIVIDAMENTO
DO CONSUMIDOR, ADEMAIS, A TÍTULO DE ARGUMENTO OBITER
DICTUM
,
SOBRELEVA NOTAR QUE, AO FINAL DA DEMANDA, EM COGNIÇÃO EXAU-
RIENTE, PODERÁ O PODER JUDICIÁRIO VERIFICAR A LEGALIDADE OU
NÃO DOS DESARRAZOADOS DESCONTOS, E, SENDO ASSIM CARACTERI-
ZADOS, PODERÁ SER DETERMINADO O RECÁLCULO DO DÉBITO REMA-
NESCENTE PARA QUE O DESCONTO EM FOLHA SALARIAL OBEDEÇA AO
LIMITE DE 30% SOBRE A VERBA ALIMENTÍCIA, EVITANDO-SE, COM ISSO,
O SUPERENDIVIDAMENTO DO CONSUMIDOR. NA FORMADO ART. 557,
§1º-A, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO
RECURSO. QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRA-
VO DE INSTRUMENTO Nº 0037828-11.2012.8.19.0000. RELATOR: ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO. Outrossim, deve-se destacar, ainda, por relevante,
que o réu não comprovou que comunicou à autora do débito em aberto.
Quanto à sistemática do empréstimo consignado, entende-se que o pa-
gamento é realizado pelo desconto direto em contracheque. Então, o réu
gerenciou inadequadamente o contrato entre as partes, não tendo a auto-
ra provocado a falta dos descontos. Sendo o desconto regular umencargo
do réu, não caberia a inscrição do nome e CPF da autora nos cadastros
restritivos. Nesse norte, é ilegal a inscrição do nome da autora em rol de
devedores, diante da ilegalidade da forma como houve a cobrança, que
deveria ter ocorrido mediante desconto em folha de todas as parcelas
da contraprestação do mútuo. Ora, se a fonte pagadora não autoriza a
inserção da parcela por ausência de margem consignável, o réu deve pro-