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DECISÕES
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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 25, p. 59-176, 1º sem. 2016
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te na demanda desse sujeito, e a subjetividade torna-se, então, uma peça
fundamental para o sucesso desses fornecedores, pois o sujeito tem a sua
demanda satisfeita, ilusoriamente, pelos produtos ofertados.
Assim, a sociedade de consumo só prospera quando perpetua essa
sensação de desamparo dos seus membros, e sua insatisfação é agravada
ainda mais pela frustração e pela infelicidade de uma total e inútil batalha,
observando-se que nada que não é autêntico pode gerar a felicidade. E de
modo superficial, esconder um desejo original jamais é autêntico.
Para Bauman (2008), a sociedade de consumo utiliza como seu alicer-
ce a promessa de satisfazer os desejos humanos em um nível que nenhu-
ma sociedade no passado poderia imaginar em alcançar ou, menos ainda,
tenha alcançado, mas a promessa de satisfação somente permanece sedu-
tora enquanto o desejo siga insatisfeito. A decepção do sujeito moderno
é inevitável na medida em que jamais esses indivíduos poderão atingir a
posição que desejam; a vitória é sempre momentânea e jamais inclui tudo
aquilo que eles gostariam de ver como satisfeitos.
A cultura de consumo é marcada pela constante pressão sobre o con-
sumidor para ser alguém diferente. Omercado de consumo se foca na ime-
diata desvalorização de suas ofertas anteriores. Promove a insatisfação
com a identidade adquirida e com o conjunto de necessidades pelas quais
essa identidade é definida. Somos seres humanos sincrônicos, ou seja, que
vivem somente para o presente, fruto de uma cultura imediatista que privi-
legia pressa e eficácia em detrimento da paciência e perseverança.
Vários autores têm abordado o tema; entre eles, pode-se citar Lipo-
vetsky (2010), Hofstede (1994), Featherstone (1995) e Bauman (2008). Das
primeiras concepções de consumo, este tem sido visto no seu significa-
do de relação entre pessoas, que leva à reprodução de um sistema social
desigual ou relacionado intimamente à criação do indivíduo como agente
social e ao desenvolvimento dessa identidade, da mesma forma que a tra-
dição associada ao individualismo expressivo.
O consumo também tem sido visto como meio de estabelecer uma
espécie de relação vertical entre indivíduos e sociedade, entre estruturas
sociais e pessoas, que agora são reconhecidas como agentes sociais. Aliás,