Background Image
Previous Page  170 / 222 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 170 / 222 Next Page
Page Background

u

Decisões

u

STJ

u

u

Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 23, p. 159-214, 2º sem. 2015

u

170

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE LESÃO CORPORAL

PRATICADOS CONTRA NAMORADA DO RÉU E CONTRA SENHORA QUE A

ACUDIU. NAMORO. RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO. CARACTERIZAÇÃO. INCI-

DÊNCIA DA LEI MARIA DA PENHA. ART. 5.º, INCISO III, E ART. 14 DA LEI N.º

11.340/06. PRECEDENTES DO STJ. VÍTIMA MULHER DE RENOME DA CLAS-

SE ARTÍSTICA. HIPOSSUFICIÊNCIA E VULNERABILIDADE AFASTADA PELO

TRIBUNAL

A QUO

PARA JUSTIFICAR A NÃO APLICAÇÃO DA LEI ESPECIAL.

FRAGILIDADE QUE É ÍNSITA À CONDIÇÃO DA MULHER HODIERNA. DES-

NECESSIDADE DE PROVA. COMPETÊNCIA DO I JUIZADO DE VIOLÊNCIA

DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER DA CAPITAL FLUMINENSE.

RECURSO PROVIDO. DECLARAÇÃO, DE OFÍCIO, DA EXTINÇÃO DA PUNIBI-

LIDADE, EM RELAÇÃO AO CRIME COMETIDO CONTRA A PRIMEIRA VÍTI-

MA, EM FACE DA SUPERVENIENTE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITI-

VA ESTATAL.1. Hipótese em que, tanto o Juízo singular quanto o Tribunal

a quo

, concluíram que havia, à época dos fatos, uma relação de namoro

entre o agressor e a primeira vítima; e, ainda, que a agressão se deu no

contexto da relação íntima existente entre eles. Trata-se, portanto, de fa-

tos incontestes, já apurados pelas instâncias ordinárias, razão pela qual

não há falar em incidência da Súmula n.º 07 desta Corte.2. O entendimento

prevalente neste Superior Tribunal de Justiça é de que “

O namoro é uma

relação íntima de afeto que independe de coabitação; portanto, a agressão

do namorado contra a namorada, ainda que tenha cessado o relaciona-

mento, mas que ocorra em decorrência dele, caracteriza violência doméstica

(CC 96.532/MG, Rel. Ministra JANE SILVA – Desembargadora Convoca-

da do TJMG, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 05/12/2008, DJe 19/12/2008).

No mesmo sentido: CC 100.654/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA

SEÇÃO, julgado em 25/03/2009, DJe 13/05/2009; HC 181.217/RS, Rel. Minis-

tro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 20/10/2011, DJe 04/11/2011;

AgRg no AREsp 59.208/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,

julgado em 26/02/2013, DJe 07/03/2013.

3. A situação de vulnerabilidade e fragilidade da mulher, envolvida em

relacionamento íntimo de afeto, nas circunstâncias descritas pela lei de

regência, se revela

ipso facto

. Com efeito, a presunção de hipossuficiên-

cia da mulher, a implicar a necessidade de o Estado oferecer proteção es-