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TRANSCRIÇões
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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 22, p. 11-89, 1º sem. 2015
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da Comissão dos Juizados, nunca fui procurada pelo Dr. Felipe Santa Cruz
para me dizer que eu trabalhava com um “jogo de faz de conta” mas eu
vou mover uma ação por causa disso? Então, à pessoa veio na minha frente
eu perguntei: por que isso lhe afetou? Por que o senhor propôs a ação? E
aí, o que se descobria era: não tinha afetado em nada. O que eu vou falar
não é nenhuma crítica, só uma constatação e é fato que os policiais mili-
tares recolhem valores para assistência judiciária, que eles têm que fazer
isso é claro e eu louvo, enormemente, o trabalho do policial militar numa
cidade como o Rio de Janeiro, então eles têm o acesso ao advogado, isso
facilitava a vida deles.
Então, o meu receio, hoje, é de que, em razão do grande número de
processos, venha-se a ter um retrocesso, porque eu entendo que é impor-
tante que as pessoas possam ver a “cara” do Juiz, ver a cara do Judiciário,
entender por que aquelas decisões estão sendo propostas e o Juizado foi
um mecanismo fortíssimo nisso. Se olharmos para trás, já se teve deman-
das aqui para instalar linha telefônica; há muitas pessoas aqui que não con-
seguem imaginar que alguém precisasse entrar na Justiça para ter a sua li-
nha instalada porque hoje já não existe mais isso, não é? E, também, houve
muitas demandas que se multiplicaram a partir do desconhecimento. E a
minha Câmara Cível julga muito pouco, monocraticamente, que é uma ou-
tra questão que daria debater aqui se deve-se julgar monocraticamente ou
não. Enfim, a minha Câmara julga pouco monocraticamente, o que faz com
que as nossas sessões tenham sustentações e sejammais longas por conta
disso. E, ontem, julgamos casos que podem ser considerados banais? Claro
que podem ser considerados banais, mas eu vou fazer o registro de que
está na plateia escondida a Desembargadora Gilda Carrapatoso, que disse
ontem num julgamento o seguinte: “o que é banal para mim pode não ser
banal para aquela pessoa, pode ser muito importante para vida dela” e
discutiu-se, ontem, na Câmara do Consumidor uma causa que devia estar
lá no Juizado, mas a pessoa não quis ir para o Juizado. Ela comprou um
armário de R$700,00, nunca o armário foi instalado, nem foi montado. Ela
entrou com uma ação pedindo a montagem (se ela tivesse pedido só a in-
denização por dano moral, eu até dizia assim, não ela estava só querendo
dano), mas ela pediu a montagem ou se não pudesse montar, o dinheiro