Background Image
Previous Page  19 / 554 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 19 / 554 Next Page
Page Background

u

TRANSCRIÇões

u

u

Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 22, p. 11-89, 1º sem. 2015

u

19

mento de balcão. Não é essa a ideia. Vivemos num país em que 40% dos

domicílios não têm saneamento básico e nós temos usado esse dinheiro,

com processo. parte desse dinheiro é gasto aqui com a gente, num volu-

me avassalador de processos. vou dar um exemplo pra vocês: a Reforma

Inglesa de 1998 foi a reforma mais bem-sucedida na Inglaterra. ela conse-

guiu reduzir drasticamente o número de processos deles. o coração era

o controle dos gastos, era o controle do orçamento, além de uma série

de outras medidas.Teresa Arruda Alvim Gambier traduziu o trabalho e ela

coloca claramente que a Reforma Inglesa foi bem-sucedida. A Inglaterra

é um dos poucos países do mundo que conseguiu reduzir o seu número

de processos. E eu trago aqui um dado para vocês pensarem: São Pau-

lo gasta 91.3% do seu orçamento com pessoal (gastou 91 pagando folha

funcional) e 0,1% com modernização e gestão dessas mesmas pessoas.

Aplica todo o recurso numa coisa e esse material humano é atualizado?

Com 0,1%. Então, São Paulo gasta, para vocês terem uma ideia, R$1.172,00

por processo. A eficiência, na verdade, padece com isso drasticamente.

Pegando dados do CNJ, vemos que a Justiça Estadual tem um gasto de 86%

com mão de obra, a Justiça Federal, 91%, a Justiça Trabalhista, 95%. Esses

recursos poderiam ser parcialmente investidos para outros termos, para

outras propostas aqui dentro, até para uma proposta de solução prévia,

se a gente não tivesse essa cultura social. não é culpa da Justiça, é uma

cultura social de demandismo. E temos que lembrar que nós vivemos num

país de dimensões continentais, um país enorme. por exemplo, aqui no

Rio, 77% do nosso Estado em 2004 tinha Juizados Especiais Criminais e 82%

tinha Juizados Cíveis. O Piauí tinha 6,3% de Juizados Criminais, 6,8%. Qual

é o resultado prático dessa quantidade? Juízes abarrotados, metas irracio-

nais implementadas e aqui a gente, como sociedade, tem que fazer uma

autocrítica porque a sociedade se queixa do pleito e, depois, se queixa do

remédio aplicado. A sociedade se queixa e pede um julgamento sério. Nós

queremos que aquele Juiz que recebe 1.200 processos julgue 1.200 proces-

sos. Aí alguém vem e implementa uma meta lá em Brasília e diz: “se vire e

julgue os 1.200 processos”. e aí sai uma sentença com uma qualidade defi-

ciente, por que não? A prova não foi bem analisada. Aí a própria sociedade