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ARTIGOS

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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 16 - n. 1, p. 56-109, 1º sem. 2018

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O que se percebe, na verdade, é a raiz de toda a violência que sofre

a mulher em todos os planos da vida, seja no doméstico (âmbito privado),

seja no social (âmbito público). Uma questão deve ficar logo esclarecida,

tanto que será amplamente repetida neste texto. A mulher não sofre vio-

lência por estar no plano doméstico ou no plano público, ou mesmo na rua.

A mulher sofre violência pelo fato de

ser mulher

, ou seja, é um dado senso-

rial da mentalidade masculina –

sou superior e por isto tenho que mandar

13

.

Está arraigado a um pensamento patriarcal que vem desde os primórdios

da formação da sociedade.

Portanto, por estar no centro e ser o nascedouro de todo tipo de vio-

lência, dentro desse

sistema interplanetário

14

que se criou por meio do grá-

fico, os outros tipos de violência

gravitam

e giram em torno daquela que

seria a causa de todos os outros tipos de violência. A violência de gênero

tem seus fundamentos, como visto, no pensamento da sociedade patriar-

cal e machista ao não permitir a evolução da mulher dotada de dignidade

humana, conforme já afirmado por diversos documentos internacionais.

VIOlÊNCIA CONTRA A MULHER à luz do discurso Internacional

Os estudos de Enriqueta Jávega e Lara Sánchez (

apud

BURRIEZA

et

al

. 2008) com precisão demonstram o início da discussão sobre gênero no

plano internacional. Está ligada ao começo da democracia a denúncia reite-

rada em todos os foros internacionais, revelando ainda o caráter incomple-

to das legislações em relação aos direitos das mulheres e sua ampliação.

A problemática está a ser resolvida em diversos planos, como o rea-

linhamento para explicar o direito relacionando-se com outros fatos e dis-

cursos sociais, por exemplo, sem prejuízo de mutilar sua especificidade.

Também se registrou uma das propostas: a de a interdisciplinaridade ser

13 Este dado sensorial está ligado a diversas personalidades masculinas, arraigado a uma ideia patriarcal de que

o homem é a medida de todas as coisas e de que sobre ele devem gravitar tudo e todos, sendo a mulher parte

integrante do seu “acervo”.

14 Figura interpretativa.