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ARTIGOS
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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 16 - n. 1, p. 56-109, 1º sem. 2018
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“Eu sei que o preconceito é difícil de passar, ainda é grande, e eu falo
de cátedra. Eu não preciso do testemunho de ninguém para saber que há
preconceito contra a mulher. Tem contra mim. Claro que a manifestação
contra mim, enquanto juíza do STF, é diferente de uma mulher que não
tem um trabalho, uma independência financeira, independência psicológi-
ca ou que não tem condições de uma formação intelectual, mas ele [pre-
conceito] existe contra mim e é exercido, ainda que não dito. Também não
preciso de ninguém para me lecionar isso”, disse a ministra, que também é
presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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A recente revelação dos dados da violência contra a mulher mostra
uma curva ascendente preocupante. Pesquisa publicada no site “Compro-
misso e Atitude” demostra essa preocupação: “apesar de ser crime e gra-
ve violação de direitos humanos, a violência contra as mulheres segue viti-
mando milhares de brasileiras reiteradamente. Segundo relatos do serviço
Ligue 180 no 1º semestre de 106, em 39,34% dos casos a violência ocorre
diariamente e em 32,76%, semanalmente.
Isso significa que em 71,10% dos casos a violência ocorre com uma fre-
quência extremamente alta. Do total de relatos, 51,06% referem-se a agres-
sões físicas e 31,10%, à violência psicológica. Em 39,34%, a violência ocorre
diariamente, e em 32,76%, a frequência é semanal. Em 67,63% dos casos,
as agressões foram cometidas por homens com quem as vítimas mantêm
ou mantiveram uma relação afetiva. Esses dados foram divulgados no ba-
lanço dos atendimentos realizados pela Central de Atendimento à Mulher
– Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres.”
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Recentemente, na revisão periódica da Organização das Nações Uni-
das, no grupo de trabalho da RPU, foi recomendado a todas as nações que
visem esforços no sentido de coibir e erradicar problemas relacionados aos
Direitos Humanos, entre eles: combater o excessivo da força, os homicídios
cometidos pela polícia em “legítima defesa” ou durante a “guerra contra
5 Disponível em:
https://www.bonde.com.br/bondenews/nacional/carmen-lucia-diz-que-machismo-e-preconcei-to-sustentam-violencia-contra-mulher-449918.html
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http://www.compromissoeatitude.org.br/dados-nacionais-sobre-violencia-contra-as-mulheres/