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ARTIGOS

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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 16 - n. 1, p. 110-142, 1º sem. 2018

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não revelou elevado grau de reprovabilidade, razão pela qual é

aplicável, à hipótese dos autos, o princípio da insignificância

72

.

Não basta que o valor do bem jurídico tutelado seja ínfimo, atesta a

jurisprudência:

Receptação de bens avaliados em R$ 258,00. Aplicabilidade

do princípio da insignificância: inviabilidade. Alto grau de re-

provabilidade da conduta. (...) Nas circunstâncias do caso, o

fato não é penalmente irrelevante do ponto de vista social,

pois, além do valor dos bens receptados terem sido avaliados

em R$ 258,00, o que equivale a 86% do salário mínimo da épo-

ca em que se deram os fatos, o crime de receptação estimula

outros crimes até mais graves, como latrocínio e roubo

73

.

A jurisprudência continua esclarecedora sobre o tema:

FURTO SIMPLES. CRIME IMPOSSÍVEL. SISTEMA ELETRÔNICO

DE VIGILÂNCIA. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. RES FURTIVA.

VALOR IRRISÓRIO.

A Turma, cassando a liminar deferida, denegou a ordem na

qual se pretendia o reconhecimento da ocorrência de crime

impossível ou absolvição do paciente pela aplicação direta do

princípio da insignificância e, subsidiariamente, a alteração do

regime inicial de cumprimento da pena. Na espécie, o paciente

foi condenado, pelo delito descrito no art. 155,

caput

, do Códi-

go Penal (CP), à pena de três anos e quatro meses de reclusão

em regime semiaberto. Inicialmente, ressaltou o Min. Relator,

a posição firmada neste Superior Tribunal em diversos prece-

dentes de que a presença de sistema eletrônico de vigilância

no estabelecimento comercial não se mostra infalível para im-

72 BRASIL. DISTRITO FEDERAL, Supremo Tribunal Federal,

HC 115.046

, 2ª T, Relator: Ricardo Lewandowski, , 2013.

73 BRASIL. DISTRITO FEDERAL, Supremo Tribunal Federal,

HC 108.946

, 1ª T, rel. min. Cármen Lúcia, 2011