Previous Page  118 / 212 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 118 / 212 Next Page
Page Background

u

ARTIGOS

u

u

Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 16 - n. 1, p. 110-142, 1º sem. 2018

u

118

Quando a ordem jurídica se ocupa de punir crimes de afetação mí-

nima, observa-se que o poder punitivo torna-se irracional, desnecessário,

conflitando com o princípio da mínima intervenção

26

.

Conforme o entendimento de Carlos Vico Mañas:

O princípio da insignificância, portanto, pode ser definido

como instrumento de interpretação restritiva, fundado na con-

cepção material do tipo penal, por intermédio do qual é possí-

vel alcançar, pela via judicial e semmacular a segurança jurídica

do pensamento sistemático, a proposição político-criminal da

necessidade de descriminalização de condutas que, embora

formalmente típicas, não atingem de forma socialmente rele-

vante os bens jurídicos protegidos pelo direito penal

27

.

O Princípio da Insignificância interpreta de forma restritiva o tipo pe-

nal, classificando-o de forma qualitativa e quantitativa, em conformidade

com o grau de lesividade da conduta, excluindo da incidência penal apenas

os fatos que, apesar de atingirem bens tutelados, são insignificantes

28

. Tra-

ta-se de um ato tão insignificante que não requer a intervenção penal

29

.

O Princípio da Insignificância atua no sentido de impedir que se pro-

cessem condutas socialmente irrelevantes, visando a que a Justiça não

fique tão abarrotada de processos e permitindo que fatos mínimos, irre-

levantes, não estigmatizem seus autores. Tal princípio revaloriza o Direito

Constitucional, contribuindo para que apenas fatos possuidores de alto

26 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; ALAGIA, Alejandro e SLOKAR, Alejandro.

Derecho penal

: parte general. Buenos

Aires: Ediar, 2000 p. 471

27 MAÑAS, Carlos Vico.

O Princípio da insignificância Como Excludente da Tipicidade no Direito Penal

. São

Paulo: Saraiva, 1994, p. 81.

28 SILVA, Ivan Luiz da.

Princípio da Insignificância no Direito Penal

. 1. ed. (ano 2004), 4. reimpr. Curitiba: Juruá,

2010, p. 95.

29 GOMES, Luiz Flávio; MOLINA, Antonio García-Pablos de.

Direito Penal

: Parte Geral. 2. tir. São Paulo: Revista

dos Tribunais, 2007. v 2, p. 303.