

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 63 - 69, Janeiro/Abril 2018
68
Uma das poucas discordâncias que temos – falo por todos, penso –,
é com o fundamento que o Professor utilizou para aposentar-se. Dizia o
mestre: “eis que é chegada a oportunidade de passar da intenção ao ato. Os
cantores devem ter a sabedoria de sair de cena antes de começarem a desafi-
nar nos agudos; os jogadores de futebol, a de pendurar as chuteiras antes de
começarem a perder, sucessivamente, cobranças de pênaltis. Também para os
professores existe um momento apropriado, que seria pouco sábio passar em
brancas nuvens. Não parece nada invejável a sorte de quem, tendo podido
retirar-se enquanto ouvia lamentar a partida como prematura, cometa a su-
prema imprudência de demorar-se, correndo o risco de ouvir, com o andar
do tempo, outra espécie de lamentações.”
Se quanto a esse fundamento discordamos, por outro lado, reconhe-
cemos que o Professor pode dar por cumprida, pelo menos no dia a dia da
UERJ, a sua missão, com folga e com crédito.
Agora o Professor pode cumprir uma série de compromissos no ex-
terior e no Brasil, que eram relegados a um plano secundário, diante de seu
compromisso acadêmico na UERJ.
Nós, seus alunos, temos que admitir que é hora de permitir a de-
mocratização do Professor, dividi-lo com outros tantos, que não tiveram o
privilégio de tê-lo como Professor exclusivo por anos a fio.
Em razão da nossa comunhão com o Professor, nos orgulhamos de
suas vitórias, dos títulos que alcançou, dos cursos e das conferências que a
todo tempo está ministrando no exterior. Do mesmo modo, Professor, que
o Sr. se realiza e vibra com os feitos dos seus alunos, eles se rejubilam com a
sua fama. É como se uma parte de nós estivesse presente junto com o senhor
neste momento. Seus feitos também são nossos.
Sei como foi dura essa sua decisão de aposentar-se, e as saudades que
tem das salas de aula, onde, de acordo com as suas palavras, “transcorreram
muitas das horas mais felizes de sua vida”.
Mas uma coisa é certa: aqui estamos nós e continuaremos sempre
juntos, aqui e acolá, se nem sempre com os olhos, pelo menos sempre no
coração.
Juntos, conseguimos, todos, superar distâncias e prioridades. Conju-
gamos o verbo amar na sua acepção mais pura.
Esta reunião de alunos de todas as suas turmas representa um teste-
munho dessa verdade tão bem sintetizada na poesia de Carlos Drumond de
Andrade: