

33
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 79, p. 11 - 49, Maio/Agosto 2017
Na segunda fase, de confusão, aguda ou do leão, ocorre uma descoor-
denação motora com depressão cerebral, com mais de 2 g. de álcool no san-
gue
108
. Começam a surgir sinais de comprometimento neurológico: disartria,
perturbação da coordenação motora, diminuição dos reflexos, etc.
109
. Nesta
fase, que constitui periculosidade, o indivíduo torna-se insolente e agressivo,
e produz ofensas morais a terceiros. Os atos reflexos estão precocemente
prejudicados e reduz-se a capacidade de condução de automóveis
110
.
Por último, a terceira fase é a chamada período do sono, do porco
ou superaguda, caracterizada por coma alcoólico, e com nível de álcool
superior a 3 g.. O indivíduo torna-se sonolento, insensível a todas as ex-
citações motoras ou sensoriais. Aumenta a frequência cardíaca, baixa a
pressão arterial, ocorre coma e morte por parada respiratória
111
. A saída
do coma após algumas horas tem como consequência a amnésia lacunar.
Saliente-se, segundo a opinião médica, que o ébrio que se encontra nesta
fase é incapaz de delinquir, tornando-se potencial vítima de um crime
devido ao seu estado físico e mental.
Em resumo, a sintomatologia característica da embriaguez (alcoolis-
mo agudo simples), varia de um sujeito para outro, de acordo com a sua
forma ou em sua intensidade. A importância jurídica que tem a compro-
vação da embriaguez é essencial, observando os sintomas descritos em cada
uma das fases, bem como através de outros métodos mais objetivos, como a
determinação da quantidade de álcool no sangue pelo ar aspirado e também
através do exame de sangue
112
.
2.2.2. Embriaguez Patológica ou Complicada
A embriaguez patológica reveste-se de importância médico-legal por-
que se manifesta nos descendentes de alcoólatras, em indivíduos predispos-
tos com personalidade psicopata, arremetendo acessos furiosos e atos de
extrema violência
113
, degradação ética e social favoráveis a roubo e vadiagem.
A embriaguez patológica pode ser secundária ao alcoolismo crônico, poden-
do ser diagnosticadas alterações orgânicas (início de deterioração intelectual,
traumatismos cranianos e epilepsia) por meio da imagiologia cerebral
114
.
108 CORDEIRO, 2011: 324.
109 WOELFERT, 2003: 140.
110 CORDEIRO, 2011: 324.
111 WOELFERT, 2003: 140.
112 LOPES SAIZ; CODON, 1951: 263.
113 CROCE, 2012: 142.
114 CORDEIRO, 2011: 325.