

31
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 79, p. 11 - 49, Maio/Agosto 2017
-verbais e visuais, guardando relação com as psicoses endógenas, como a
esquizofrenia
94
;
3) Depressão alcoólica aguda
: surge após um período pro-
longado de intensa intoxicação pelo álcool, autodepreciação, instabilidade
emocional exagerada, podem levar o alcoólatra ao suicídio
95
;
4) Delírio de
ciúmes
: é a psicose mais perigosa apresentada pelo alcoolista crônico com
frequente risco de homicídio, apontando um comportamento agressivo, ex-
teriorizado pela associação de ideias de perseguição com o ciúme; é a origem
próxima de crimes violentos de agressão. Neste tipo de psicose, é justificável
um tratamento compulsivo
96
;
5) Psicose de Korsakow
: caracteriza-se por
uma amnésia sempre intensa, desencadeada pelo consumo abusivo e crôni-
co do álcool em pessoas mal alimentadas. O vazio mnésico muitas vezes é
substituído por confabulações
97
. Nestes casos, a delinquência é diminuta.
6)
Delirium tremens
:
ocorre normalmente depois de um prolongado abuso
de bebidas alcoólicas e o motivo desencadeante é muitas vezes a subalimen-
tação ou abstinência completa
98
. Os sintomas característicos deste estado
de autêntica loucura são: excitabilidade, insônias e alucinações pavorosas
99
.
Depois da crise, os pacientes entram num estágio de completa amnésia. O
delirium tremens
constitui a mais séria das complicações do alcoolismo
crônico e é a síndrome clínica alcoólica mais comum
100
.
7) Demência al-
coólica:
o portador desta psicose tem um alto grau de degradação humana.
Não possui um julgamento lógico, liberdade de apreciação e decisão, o vício
torna-o violento e ameaçador com o afã de conseguir dinheiro
101
. Sob análise
genérica, podemos dizer que na sua maioria são frequentadores assíduos de
prisões, hospitais e hospícios, sendo necessário, em determinados casos, a
aplicação de medidas de segurança.
Nesse diapasão, é fundamental realizar uma separação cautelosa entre
pessoas que sofrem de alcoolismo e aquelas que visivelmente não são respon-
sáveis pelos seus comportamentos em virtude de possuírem uma anomalia
psíquica
102
. Não pode existir
mens rea
caso o estado mental do infrator,
no momento da prática do ato, seja tão diminuto, “defeituoso” ou doente
94
CROCE, 2012:151.
95
Ibidem
, p. 152.
96
CORDEIRO, 2011: 331.
97
LOPES SAIZ; CODON, 1951:268.
98
CROCE, 2012: 155.
99
SANTOS, 1968: 34.
100
SILVA, 2011: 62.
101
CROCE, 2012: 155.
102 CORDEIRO, 2011: 328.