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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 79, p. 11 - 49, Maio/Agosto 2017
2.1. Conceito de alcoolismo
Desde os tempos mais remotos, a definição de alcoolismo está asso-
ciada ao status social, uma espécie de “alicerce” entre as relações e interações
sociais. Todavia, o termo alcoolismo proposto pelo médico suíço Magnus
Huss, em 1849, como “o conjunto de manifestações patológicas do sistema
nervoso, nas esferas psíquica, sensitiva e motora”, é definido como uma
doença mental
71
.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu, oficialmente em
1956, a doença do alcoolismo como “qualquer forma de ingestão de bebi-
das alcoólicas que ultrapasse em quantidade as habituais tradições dietéticas
ou os costumes socialmente aceites na globalidade duma comunidade, sem
deixar de considerar os fatores etiológicos conducentes a determinados com-
portamentos, e também na medida em que determinados fatores etiológicos
estão dependentes da hereditariedade, constituição, ou foram adquiridos
por influências fisiopatológicas e metabólicas”
72
.
Dessa forma, o alcoolismo é o termo que determina as anomalias
clínicas procedente de intoxicações exógenas, pelo consumo excessivo e con-
tinuado de bebidas alcoólicas
73
, desencadeado principalmente por fatores
biológicos, sociológicos ou psicológicos.
O Professor Dias Cordeiro
74
refere-se ao alcoolismo como “uma
patologia multifactorial que não se pode resumir à interação de uma mo-
lécula química (C2H5OH/Etanol) com o cérebro, mas que compreende
também dimensões comportamentais e sociais inscritas no ciclo da vida
de um ser humano”.
O termo alcoolismo não consta mais na Classificação Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) publicada pela
OMS. Atualmente, é definido como transtornos mentais e do comporta-
mento decorrentes do uso de álcool.
O uso excessivo do álcool foi definido pela 10º edição da Classifica-
ção Internacional de Doenças (CID-10), da OMS, como “um conjunto de
fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem
após o uso repetido de álcool, tipicamente associado”
75
.
71 RAMOS; BERTOLOTE, 1997: 240.
72 CORDEIRO, 2011: 322.
73 CROCE, 2012: 135.
74 CORDEIRO, 2011: 314.
75 Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA). Disponível em:
<http://cisa.org.br/artigo/4010/-que-alcoolis-mo.php>. Acesso em: 5 ago. 2015.